Um raio X do cinema paranaense na última década será mostrado ao público neste sábado, às seis horas da tarde, com o lançamento do livro "Cinema, Paraná Anos 90", do jornalista, crítico, cineasta e pesquisador Francisco Alves dos Santos. Durante um ano e meio o autor contatou diretores e produtores, assistiu a todos filmes que eles assinaram no período - em cinema, vídeo e nas novas linguagens multimídias mais recentes - e a partir daí é que escreveu a obra.
Cerca de 40 nomes foram levantados por Alves, que detectou mudança de comportamento nos últimos anos, inclusive com o surgimento de um novo profissional - o produtor de cinema. Até então ele simplesmente não existia. "Hoje os produtores levantam os recursos e convocam alguém para dirigir. São eles que respondem pelas produções", comenta o pesquisador. Antes os diretores se multiplicavam para captar recursos, levantar a produção e dirigir. Entre os novos profissionais cita Rubem Gennaro ("Oriundi") e Sérgio Appel ("O Preço da Paz").
Outra novidade despontada com este trabalho refere-se ao talento dos artistas paranaenses. Há um material muito bom, segundo constatou Francisco Alves. "Tínhamos um mapa escondido", afirma. Talvez continue escondido porque a maior parte desse trabalho não ganha destaque na mídia.
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Há cinco anos o cineasta publicou "Cinema no Paraná - Nova Geração", que saiu pela coleção dos Boletins Informativos da Casa Romário Martins, mantido pela Fundação Cultural de Curitiba. Dessa vez o foco fixou-se nos produtores dos anos 80, limitando-se com exclusividade ao cinema. Era o que havia na época. A multiplicidade dos meios, como os filmes digitais, surgiriam somente no final da década de 90.
A publicação que será lançada hoje reúne histórias de jovens diretores revelados nos anos 90, através de depoimentos e fotos. Ali estão também as sinposes de filmes, fichas técnicas, participações em festivais e prêmios conquistados. A seleção dos trabalhos teve como critério a proposta temática e a qualidade técnica apresentada. "Trata-se de uma obra voltada para estudantes de cinema, jornalistas e curiosos", diz sobre o volume.
O olhar voltado à última década registrou pelo menos uma ocorrência benéfica no tempo de maior sufoco - a criação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Ela foi providencial: "A lei curitibana surgiu num momento de sucateamento do cinema nacional", lembra Alves.
Isto ocorreu na época traumatizante da extinção da Embrafilme. "Em termos regionais a Lei de Incentivo garantiu a continuidade da produção fílmica e, viabilizando pelo menos os curta-metragens, favoreceu o surgimento de novos valores", atesta.
A nova leva de diretores tem uma visão mais aberta de assuntos a serem enfocados pelas câmaras. Ao contrário da geração anterior que ainda trazia como única preocupação a temática político-social (consequência direta da ditadura militar), a garotada atual usa da liberdade para trabalhar, por exemplo, com filmes intimistas, de ação, românticos ou documentários.
Um novo traço que os cineastas mais jovens carregam é o da boa formação conseguida em cursos respeitáveis de cinema, dentro e fora do Brasil. As edições do Festival de Cinema de Curitiba e a nova sede da Cinemateca estão incluídas na obra de Francisco Alves dos Santos. Ele aponta tanto para o evento como para o órgão municipal como veículos que propiciam aos apreciadores de cinema maior acesso às variadas tendências mundiais que a arte absorve.
Serviço: "Cinema, Paraná Anos 90", de Francisco Alves dos Santos. Lançamento do livro editado pela Fundação Cultural de Curitiba, hoje, às 18 horas, no Canal da Música (Rua Júlio Perneta, 696). Custa R$ 5,00.