Delegados de polícia e investigadores terão que mudar as vestimentas para atendimento ao público a partir de hoje. É que entrará em vigor a Resolução 090/01, que regulamenta a lei complementar nº 14 de 1982. No artigo 210, item 22, a lei estabelece que os delegados terão que usar trajes passeio composto de paletó ou equivalente, gravata e complementos, sendo admitido o uso de camisa de manga curta. As delegadas terão que vestir trajes passeio composto de tailleur, blaser ou similar, saia, camisa ou blusa. Ou vestido e calças compridas compatíveis com o traje.
Os investigadores e escrivães devem estar vestidos com trajes esporte composto por sapatos, calças de tecido diverso do brim, blaser ou similar. As mulheres que atuam nessas funções, devem usar saias ou calças com tecido diverso do brim, sapatos ou sandálias de passeio. Existe apenas uma exceção, para os investigadores que estiverem em uma operação policial em andamento. Os coletes de identificação da Polícia Civil apenas serão usadas quando for necessária a rápida indentificação da função policial.
Todos os policiais civis deverão estar decentemente trajados e em perfeitas condições de asseio pessoal. A infrigência à lei será caracterizada como prática de transgressão disciplinar. "A lei já existia, mas não havia sido regulamentada. Com a regulamentação, esperamos que os policiais se aproximem mais da população e tirem aquela imagem sombria que as pessoas têm dos policiais civis", afirmou o delegado-geral, Leonyl Ribeiro.
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Os delegados de polícia e investigadores não chegam a um ponto em comum. Alguns aceitam a medida. Outros, dizem que a lei não contribuirá para a melhoria da imagem do policial civil. "A mudança da imagem da Polícia Civil tinha que passar por algo muito mais profundo do que o terno e a gravata. Isso pode até dar uma falsa sensação de segurança para a população. E não estamos aqui para dar falsas sensações", avaliou o delegado Guaraci Joarez Abreu.
Apesar de ter sempre usado terno e gravata e de achar que a apresentação pessoal é fundamental, Abreu é contra a obrigatoriedade. "Vamos melhorar a imagem com uma melhoria mais profunda na instituição, aumento o número de viaturas, armamentos, alimentação adequada para presos, higiene de distritos e delegacias", afirmou. Ele sugeriu que a lei fosse aplicada de forma regionalizada. "Não dá para trabalhar com roupa social. Atrapalha em alguns locais. Separa do público. Tem locais de difícil acesso, em que o delegado tem que trabalhar de cavalo. Imagine de terno e gravata, andando no meio do mato", exemplificou.
O delegado José Carlos de Oliveira, titular da Delegacia de Fazenda Rio Grande (Região Metropolitana de Curitiba), disse que vai respeitar a legislação apesar de não concordar com ela. "Não podemos generalizar. Tem que ser analisado caso a caso", comentou. Ele disse que não irá exigir que seus investigadores trabalhem vestidos socialmente. "Eles ganham 600 reais e têm família, filhos, contas para pagar. Eles não têm condições de comprar calça social e sapato para o trabalho. A não ser que a Polícia Civil forneça como faz a Polícia Militar", complementou.
A delegada Delair Manfron, que estava atuando na Delegacia da Mulher de Guarapuava e poderá ser transferida para Araucária, disse que não terá dificuldades em cumprir o regulamento. No entanto, ela não acredita que a vestimenta influencia no trabalho de atendimento ao povo.