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Segurança Máxima

Dentro dos muros da Penitenciária de Catanduvas

Wilhan Santin/Folha de Londrina
13 set 2009 às 12:18

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- Celso Pacheco/FolhadeLondrina
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Silêncio, ausência de qualquer cheiro e um clima de tranquilidade absoluta. Esse é o ambiente encontrado na ala Charlie, a primeira visitada pelos jornalistas da FOLHA na Penitenciária Federal de Catanduvas (Oeste do Paraná). As outras três alas da penitenciária são a Alfa, Bravo e Delta e guardam o mesmo silêncio. A nomenclatura é baseada no Alfabeto Fonético Internacional, largamente usado por policiais e em unidades prisionais do mundo todo, como no Baía de Guantánamo, em Cuba, onde estão presos os acusados de terrorismo pelos Estados Unidos.

Contudo, a tranquilidade é apenas aparente. Atrás das portas das celas estão homens acusados ou condenados por crimes violentos e que foram, em sua maioria, parar na primeira unidade federal de privação de liberdade do país por conta de algum problema grave nas prisões estaduais onde estavam detidos anteriormente.

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Alguns dos presos, de tão ''famosos'', são verbetes na enciclopédia livre da Web, a Wikipédia, como os traficantes cariocas Elias Pereira da Silva, o ''Elias Maluco'', condenado por matar o jornalista da Rede Globo Tim Lopes, ou como Marcio dos Santos Nepomuceno, o ''Marcinho VP'', cujo nome tem 125 mil referências no site de buscas Google.

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Outros ''astros'' oriundos do Rio de Janeiro são Isaías da Costa Rodrigues, o ''Isaías do Borel''; Marco Antônio Pereira Firmino, o ''My Thor''; e Ricardo Chaves de Castro Lima. Esses três protagonizaram um embate entre a Justiça Federal do Paraná e a Justiça do Rio de Janeiro quando foram devolvidos ao estado de origem no mês de julho depois de passarem uma boa temporada em Catanduvas. Contudo, a justiça fluminense se recusou a receber os presos sob a alegação de que dentro do sistema penitenciário estadual eles ofereceriam sério risco à sociedade.

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Mas os cariocas não são os únicos ''hóspedes'' do lugar. Dezesseis estados brasileiros estão representados entre os mais de 110 internos. A representação estrangeira, que já esteve a cargo do mega-traficante colombiano Juan Carlos Abadia, hoje fica para o chileno Maurício Hernández Norambuena, condenado a 30 anos de reclusão por sequestrar, em 2002, o empresário Washington Olivetto. Os mais novatos são os 14 baianos que chegaram na última semana. Eles são acusados de orquestrarem, de dentro da cadeia, as barbáries que assolaram Salvador nos últimos dias. Dentro da Penitenciária Federal eles terão mais dificuldades para se comunicarem com comparsas.


Além da distância geográfica de seus estados de origem, os presos da unidade de Catanduvas têm poucas chances de contato com o mundo externo. É proibido qualquer tipo de aparelho eletrônico dentro das celas, que são individuais. Distração somente por meio da leitura de livros e revistas emprestados da biblioteca. Contato com advogados são feitos por meio do parlatório, onde um espesso vidro impossibilita contato físico.

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Nos 40 meses de funcionamento da penitenciária nunca foi encontrado nenhum telefone celular com os presos. Tudo é monitorado por câmeras. Resta apenas a visita íntima - a única atividade que seria não monitorada - e que cada detento tem direito duas vezes por mês.


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Já as visitas regulares são semanais. O preso tem direito a permanecer por até três horas com três adultos. O número de crianças é liberado. Aqueles que têm condições financeiras mantém os familiares nos estados de origem e bancam passagem aérea até Foz do Iguaçu e depois um táxi para vencer os 150 km entre a cidade da fronteira e Catanduvas. Os menos endinheirados trazem os familiares para viver entre os 9,5 mil catanduvenses. Há até uma ''república'' de mulheres de detentos na cidade. Os moradores locais ouvidos pela reportagem garantem que elas não incomodam.


Entre os presos, há quem queira voltar de qualquer maneira para o sistema estadual. ''Lá eles têm chance de voltar a comandar o crime'', explica um agente. Outros querem cumprir todo o restante da pena no sistema federal. É o caso de Carlos, 27 anos, entrevistado enquanto costurava bolas.

''Comecei a usar drogas adolescente e, para sustentar o vício, passei a roubar. Fui preso e caí na penitenciária estadual de Campo Grande (MS). Lá, deram meu nome como um dos mentores de uma rebelião e vim parar aqui, injustamente, mas foi a melhor coisa que me aconteceu. Se eu tivesse na estadual, teria gritaria, drogas. Sozinho na minha cela, consigo procurar Deus. E o encontrei. Só saio daqui para ir para a Penitenciária Federal de Campo Grande, onde poderei ficar perto da minha família'', relatou o rapaz.


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