Há poucos dias da decisão da comissão que investiga uma denúncia de eutanásia no Hospital São Lucas, a cidade de Sertanópolis (40 km a oeste de Londrina) vive um clima tenso. Panfletos foram distribuídos no final da noite de quinta-feira acusando a médica e o marido - também médico do hospital - e pedindo ação da comunidade contra o caso.
Um protesto também chegou a ser marcado para acontecer nesta sexta-feira pela manhã em frente à prefeitura depois que vazou um boato sobre a realização de uma reunião que discutiria a volta da médica às suas funções no hospital. Ela está afastada.
A panfletagem e o protesto, que acabou não acontecendo, seria uma resposta ao movimento em prol da médica. Um abaixo-assinado de apoio foi organizado na comunidade e enviado às autoridades. A assessoria de comunicação da prefeitura negou que a reunião de sexta versasse sobre o assunto.
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A médica é acusada de ter interrompido a vida de um paciente em coma de 87 anos, em março, depois de aplicar-lhe 40 ml de cloreto de potássio. Uma enfermeira do hospital, que teria presenciado a cena junto com uma auxiliar, denunciou o caso também investigado pela Polícia Civil e Conselho Regional de Medicina (CRM).
Na cidade, de pouco mais de 15 mil habitantes, o clima é de desconfiança. A reportagem abordou vários moradores mas ninguém quis falar sobre o assunto, a maioria alegando desconhecimento do caso.
Na semana que vem, a comissão interna do hospital decide a permanência da médica no corpo clínico. Paralelo a isso, corre investigação criminal na Polícia Civil de Sertanópolis.
O delegado Adriano Admir da Cruz aguarda autorização judicial da prorrogação do inquérito - prazo inicial da Justiça é de um mês e já transcorreu - para continuar as investigações. Várias testemunhas já foram ouvidas mas o delegado ainda não tomou depoimento da acusada, o que deve acontecer no final das investigações.
O caso também tem sido alvo de constantes discussões na Câmara de Vereadores, que pediu, sem sucesso, participação no processo investigativo. Para o vereador Nilton Santos Garcia (PL), o ''Tuti'', o clima de tensão na cidade estaria prejudicando também o atendimento de saúde no município. ''A população está cobrando uma posição mais rigorosa das autoridades e as pessoas estão com medo de serem internadas e atendidas pela médica'', afirma.
A médica foi procurada pela reportagem para comentar o assunto, mas optou por não se manifestar.