Após um ano, membros da base aliada e da oposição ao governador Beto Richa (PSDB) na Assembleia Legislativa (AL) têm percepções distintas sobre os impactos do 29 de abril, tanto na relação do parlamento com a população como na do Executivo com os deputados. Para o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), que naquela data insistiu na realização da sessão a portas fechadas, amparado por uma decisão judicial, o saldo foi positivo. "Com a sociedade só ganhamos. Tenho certeza absoluta, porque os resultados, fruto da votação do ajuste fiscal, são palpáveis; é de conhecimento que o Estado melhorou. Aqui professor recebe em dia, recebe 13º, aqui nós não temos aposentados chorando por falta de pagamento", declarou.
O tucano contou que discutiria com a Mesa Executiva providências a serem tomadas para "garantir a segurança" durante o ato de hoje. Traiano não quis confirmar, contudo, se o prédio da AL será mesmo fechado, como funcionários chegaram a comentar.
De acordo com o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), o que ficou de lição foi a necessidade do diálogo. "Nos dias subsequentes, nós, através de mesas de negociação, conseguimos colocar fim à greve, fizemos um entendimento, uma política de garantir a revisão anual de salários, ou seja, o servidor público do Paraná já recebeu 14% de reajuste. E temos uma mesa de negociação permanente com diversas categorias profissionais, especialmente com os trabalhadores da área da educação. Creio eu que o que demonstra é que nunca o enfrentamento, a violência, é solução para qualquer coisa."
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Já segundo o líder da oposição, Requião Filho (PMDB), os servidores públicos continuam sendo esquecidos e tratados como segunda opção pelo atual governo. "Os policiais não têm condição de trabalho e os professores estão com as escolas abandonadas." O peemedebista falou ainda que parlamenteares favoráveis à reforma na Paranaprevidência desfrutam de um tratamento diferenciado. "Aqueles que entraram no camburão têm acesso garantido às salas dos secretários de Estado e ao senhor governador. Os independentes são atendidos ou não e os pleitos da oposição são ignorados."
O petista Tadeu Veneri considera a "omissão" dos governistas um dos fatos mais emblemáticos do episódio. "O governador não teve durante esse ano nem um dia de tranquilidade para poder visitar as cidades por onde ele transita fazendo inauguração de obras. E muitos deputados, ainda hoje, quando veem as fotos e os filmes do 29 de abril, se perguntam porque foram omissos; preferiram ficar tomando água de coco aqui, enquanto as pessoas apanhavam", alfinetou.