Uma subcomissão de deputados federais da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal ouviu em Curitiba os primeiros depoimentos de pessoas ligadas ao Sistema Penitenciário do Paraná e concluiu que o problema carcerário do Estado é muito mais preocupante do que o que já foi revelado pela imprensa.
"Há um problema carcerário muito mais amplo e profundo do que o revelado até agora. Isto poderá levar a consequências muito piores ainda", declarou o deputado federal Padre Roque Zimmermann (PT-PR).
A comissão veio para Curitiba por causa das denúncias propagadas pelo deputado estadual Ricardo Chab (PTB) de que presos estariam sendo mortos na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba), por grupos que cobrariam uma espécie de pedágio para que os demais continuassem vivos.
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A presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Paraná, Sandra Márcia Duarte, negou a existência de um pedágio nas proporções que foram divulgadas pela imprensa. Mas admitiu a existência de cobrança de propina por grupos de presos que atuam como defensores dos detentos jurados de morte. "São grupos de domínio que vendem garantia de vida para os presos segurados. Os presos que estão na lista destes grupos podem pagar a dívida com dinheiro ou matando outros presos", denunciou ela.
Outra situação destacada por Sandra seriam as mortes encomendadas por queima de arquivo. "Os presos que lideraram rebeliões passadas podem estar fazendo parte das mortes verificadas na PCE. Os problemas não estão sendo corrigidos. Eles estão sendo empurrados. Muitas mortes podem ocorrer como queima de arquivo", enfatizou.
As declarações provocaram a revolta das representantes do Centro de Direitos Humanos de Familiares e Amigos de Encarcerados. A dona de casa Isabel Silva de Oliveira Valle, de 41 anos, é mulher de um preso da PCE e foi entregar à comissão um documento feito pelos presos com a assinatura de mais de 1,3 mil detentos. No documento, eles negam a existência do pedágio da morte na penitenciária.
"Foram casos isolados de mortes dentro do presídio. Falar em pedágio da morte é provocar ainda mais a ira dos detentos que estão lá sem estudo e trabalho", disse ela. A dona de casa Doraci Ferreira Leandro, 58, mãe de dois detentos, afirmou que as denúncias são injustas. "As denúncias trazidas até agora não provam nada", defendeu.
O advogado Luiz Nascimento, coordenador jurídico da Pastoral Carcerária e integrante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), negou que tivesse conhecimento de um pedágio estipulado para que os presos continuassem vivos. Mas admitiu saber de casos isolados, geralmente envolvendo os presos segurados e que pagavam para outros detentos para continuar vivendo.
Leia mais em reportagem de Luciana Pombo, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quarta-feira