Quando o mercado formal de trabalho não dá conta de absorver toda a mão-de-obra disponível, a saída é a informalidade. Muitos desses desempregados, excluídos de todos os direitos trabalhistas e previdenciários, acabam rumando para os ''lixões'' e aterros sanitários. São os chamados garimpeiros - homens, mulheres e crianças - que passam o dia recolhendo materiais diversos nestes locais para depois revendê-los para outras empresas.
José Reinaldo Dias, 24 anos, é um desses excluídos e sustenta a mulher e um filho recém-nascido com o que consegue aproveitar garimpando no aterro sanitário de Ibiporã (14 km a leste de Londrina). Com simplicidade, ele conta que quando tinha 16 anos passou a ''garimpar'' porque não conseguia uma colocação com carteira assinada. Com baixa escolaridade e sem outra perspectiva de remuneração, ele diz que gosta do que faz e não vê riscos na atividade que realiza.
Depois do casamento, a esposa passou a ajudá-lo no trabalho que rende pouco mais de um salário mínimo por mês. Os dois conseguem recolher de 100 a 150 quilos de material - entre sucata e papelão - por dia.
Leia mais:
MPPR denuncia técnico de enfermagem suspeito de abuso sexual contra paciente
Cambé promove mutirão de limpeza contra a dengue na região do Novo Bandeirantes neste sábado
Zezé di Camargo e Luciano, Sorriso Maroto e Gustavo Mioto estão entre as atrações do Verão Maior Paraná
IAT orienta sobre cuidados com filhotes de aves encontrados fora do ninho
História semelhante vive uma família que garimpa no aterro sanitário de Cambé (13 km a oeste de Londrina). Ao todo são dez pessoas que há três anos sobrevivem com o que é despejado no local. Tudo que é recolhido é vendido para empresas da região. ''Gosto do trabalho porque no final de semana tenho o meu dinheiro no bolso'', contou um deles, sem se identificar.
Mas nos últimos tempos, ele reclama que sua família vem sendo pressionada por um outro senhor a abandonarem o local. ''Ele diz que está aqui há mais tempo'', revolta-se. Mesmo assim, o rapaz diz que sua família não está disposta a deixar o aterro. ''Nós ganhamos pouco mas é melhor do que ficar parado, sem serviço'', aponta.
Foi também a falta de trabalho que fez com que a ex-bóia-fria Ilma Ribeiro de Souza, 52 anos, buscasse, no lixo, uma ocupação na usina de reciclagem construída no aterro de Ibiporã. ''No início não gostava do mal cheiro mas depois acostumei'', conta a hoje selecionadora de resíduos sólidos da usina.
Coberta pelos direitos trabalhistas depois que foi registrada como funcionária da prefeitura, ela recebe pouco mais de um salário mínimo mensal, suficiente para seu sustento e o do marido, que está desempregado. ''Foi meu primeiro registro em carteira'', revela orgulhosa. Junto com ela na usina trabalham outras 27 pessoas nas etapas de seleção e prensamento de todo o material recolhido.
Ibiporã e mais 10 municípios da área fiscalizada pela regional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) de Londrina - à pedido da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) - têm coleta seletiva e reaproveitamento de materiais. Quatro municípios estão em fase de implantação do serviço e as outras 12 cidades fiscalizadas pela regional do IAP não dispõem de programas dessa natureza.