A preservação da integridade do Parque Nacional do Iguaçu é o principal argumento utilizado pelo ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, para justificar o fechamento da Estrada do Colono. Em nota enviada à imprensa, o ministro afirmou que "além de ser um flagrante desrespeito à lei, a manutenção da estrada significa o empobrecimento do parque, podendo levar até mesmo à extinção de espécies".
A reportagem da Folha tentou falar, por telefone, com o ministro, mas a assessoria de imprensa justificou que vários compromissos assumidos por ele anteriormente impediriam a entrevista. Na nota oficial enviada para reportagem, o ministro enfatiza que o fechamento da estrada atende medida judicial e garante o título de Patrimônio Natural da Humanidade, concedido pela Unesco ao Parque Nacional do Iguaçu.
O parque foi criado em 1939 e é o único grande remanescente florestal do Oeste do Estado, com um área de 185 mil hectares. Por causa da Estrada do Colono e da ameaça que esse caminho confere ao parque, há três anos, a Unesco colocou a local na Lista de Patrimônio em Perigo, o que ameaça o título de Patrimônio da Humanidade.
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Esta não é a primeira vez que a estrada é fechada atendendo a decisão judicial. Além da sentença expedida na semana passada, existem decisões de duas instâncias judiciárias, na Justiça Federal de Curitiba e no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre e Superior Tribunal de Justiça, com o objetivo de garantir a preservação do Parque Nacional do Iguaçu. Em 1986, a estrada foi fechada em decisão amparada na Carta Constitucional e na Legislação Brasileira sobre Unidades de Conservação, mas foi reaberta por invasores em maio de 1997.
O trajeto de 17,6 quilômetros, ligava as cidades de Medianeira e Capanema, no Oeste do Paraná, pelo caminho mais curto. Para a travessia do Rio Iguaçu era utilizada uma balsa e cobrada taxa entre R$ 5,00 e R$ 20,00 referente a utilização da estrada e do transporte. O "pedágio" era cobrado pela associação Amigos do Parque, uma entidade privada. Na semana passada, além do fechamento e da destruição de pontos da estrada, a Polícia Federal explodiu a balsa utilizada na travessia e promoveu uma intensa operação para desocupação da estrada.
Segundo o ministro José Sarney Filho, a estrada cortava ilegalmente o parque e seu fechamento é uma garantia para a proteção da região. Na mesma nota enviada pelo Ministério do Meio Ambiente, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Hamilton Casara também se manifestou e disse que a ação da Polícia Federal, apoiada pelo Exército, "atendeu a uma decisão judicial restabelecendo a lei e a ordem, devolvendo ao povo brasileiro sob proteção integral um dos últimos remanescentes de florestas sub-tropical representativo da Mata Atlântica".
A nota não informa quais as medidas que serão adotadas para garantir a manutenção do fechamento da estrada.