O Centro de Apoio das Promotorias de Proteção ao Patrimônio Público ingressou esta semana com uma ação civil pública contra o ex-chefe do Estar (Estacionamento Regulamentado de Curitiba), Nelson Pappi. Ele é acusado de desviar R$ 149 mil arrecadados com as vendas de cartões do Estar entre 1998 e o ano passado, quando foi demitido pela direção da Urbs (empresa que gerencia a área de transportes da Capital).
Na ação encaminhada à Justiça, solicitando a abertura de processo contra Pappi por crime de improbidade administrativa, os promotores também pedem a quebra de sigilo bancário do ex-chefe do Estar e a indisponibilidade de seus bens. De acordo com o promotor de Justiça Adauto Salvador Reis Facco, Pappi será alvo de outra ação do Ministério Público na esfera criminal por prática de peculato (apropriação de dinheiro público).
Facco declarou que ação cível encaminhada à 2ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba pretende recuperar o dinheiro desviado e obrigar o acusado a pagar multa pela prática de desvio. Nelson Pappi não foi localizado pela Folha para responder à denúncia. A reportagem tentou um contato telefônico em sua casa, em Curitiba, e no local de trabalho, em Pato Branco, mas ninguém atendeu as chamadas.
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No depoimento que prestou ao Ministério Público, Pappi negou qualquer envolvimento com os desvios e acusou funcionários do Estar, que trabalhavam no setor de arrecadação, de serem os verdadeiros responsáveis pela suposta fraude. No entanto, o promotor Adauto Facco salientou que foi feita uma comparação no movimento de caixa durante o período em que Pappi estava de férias com a época em que ele dava expediente normal.
"Quando ele (Pappi) saía de férias não havia diferença de dinheiro, mas quando retornava, havia o desvio", declarou Facco. O caso chegou ao conhecimento do Centro de Apoio das Promotorias de Proteção ao Patrimônio Público através de uma denúncia anônima. Na Urbs, já havia sido instaurada uma sindicância interna que terminou com a demissão do ex-chefe do Estar no dia 23 de junho do ano passado.
A Urbs também processou Pappi na Justiça, requerendo do ex-funcionário uma indenização pelo montante desviado. Apesar de constatado indícios de crime contra o patrimônio público, a empresa não comunicou o Ministério Público. Para Facco, isso não fez qualquer diferença, justificando que a empresa também já havia apresentado uma ação na Justiça contra Pappi. "Não houve qualquer prejuízo na investigação. Pelo contrário, a Urbs colaborou bastante conosco", disse o promotor.