Bela Vista do Paraíso - Notas fiscais adulteradas e combustível ''fantasma''. Essas duas denúncias estão agitando a comarca da pequena Bela Vista do Paraíso (40 km ao norte de Londrina), em uma ação civil movida pela Associação Estudantil Belavistense (AEB). Citados, o contador e vereador Júlio César Moliani (PST) e o administrador Wendel Cassiano de Souza, ex-presidente e ex-tesoureiro da entidade respectivamente, estão sendo acusados de um desvio de R$ 38 mil em quase seis anos de mandato, no período de dezembro de 94 a julho de 2000.
A AEB, originalmente uma entidade sem fins lucrativos, realiza o transporte de alunos do município que estudam em Londrina e Rolândia (25 km a oeste de Londrina). Para isso, conta com membros associados que pagam uma taxa mensal de R$ 75,00 para custear a manutenção e o abastecimento dos quatro ônibus.
O combustível, por sinal, foi o grande vilão de uma ouvidoria realizada pela atual administração para apurar o motivo de frequentes déficits no orçamento. ''Foi uma surpresa pois descobrimos que foram gastos mais de R$ 26 mil só com álcool e gasolina, quando, na realidade, os ônibus são todos movidos a diesel'', conta o presidente da AEB, Valério Bazana.
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Além disso, na ação estão diversas notas fiscais apresentadas pela antiga gestão que, confrontadas com as originais, obtidas pelos advogados junto a lojistas, apontam valores bem acima do que pode realmente ter sido gasto. Uma das notas é ilustrativa. Nela, é registrada a compra de duas porcas de 16mm que, na via arquivada da empresa, custou R$ 1,00. Para os cofres da AEB, o valor saltou para R$ 501.
Moliani se defende das acusações e alega que as grafias das notas adulteradas e a dele não coincidem. Além disso, ele afirma que, em várias ocasiões, teve de buscar os estudantes, nas duas cidades, devido a problemas nos veículos da AEB ou mesmo quando o motorista esquecia algum deles. ''Fazia isso com meu carro, por isso que não gastava com diesel'', justifica. Segundo ele, esse tipo de despesa estava previsto em ata, mas, apesar disso, garante que as acusações têm outra natureza: ''Isso tudo é politicagem'', acredita.
Derrotado nas eleições para a Câmara Municipal em 2000, e provável candidato às do ano que vem, o atual presidente o desmente. E sentencia: ''Independentemente do interesse político, houve desvio. E como presidente na época, ele tem de responder'', disse Bazana.
Souza, o ex-tesoureiro citado na ação, atendeu ao telefonema da reportagem e pediu que lhe fosse retornado em outro momento. Porém, procurado no horário combinado, não foi possível encontrá-lo. Sua advogada, Cláudia Rodrigues, que cuida também da defesa de Moliani, informou que já fez o requerimento judicial de cópias da ata da AEB.
Os advogados protocolaram a defesa esta semana, para que a acusação possa contestá-la em juízo. No caso de não haver acordo em uma tentativa de conciliação, o processo será levado para a confrontação de provas e ao subsequente julgamento, a partir de agosto, no retorno das férias do Judiciário.