A Polícia Federal dos Estados Unidos, o FBI, entrou nas investigações sobre os casos de adoção ilegal que já são investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas. A informação foi repassada pelo deputado federal e vice-presidente da CPI, Fernando Francischini (PEN-PR).
Os deputados da CPI fizeram um requerimento, em abril, para a embaixada dos EUA no Brasil com a solicitação de que o FBI iniciasse as investigações sobre os casos de tráfico de crianças para o país norte-americano. "Fomos informados pelo embaixador que o FBI aceitou a investigação", disse Francischini.
O centro da investigação é a coordenação de adoções feitas pela ONG Limiar, que tem casos de adoções em cinco estados brasileiros: Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. Nos dois estados do sul seriam 355 supostos casos em que crianças foram enviadas para os EUA. As adoções teriam sido intermediadas por Audelino de Souza, que trabalharia para a ONG.
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"Enviamos uma lista com todos os casos suspeitos ao FBI, que vai começar o levantamento sobre a situação de educação e de saúde dessas crianças". Segundo o deputado, a situação da ONG Limiar seria ilegal também dos EUA. "Eles não poderiam mais receber dinheiro pela intermediação de adoções desde a assinatura da Convenção de Haia, em 1999".
CPI no Paraná – o deputado adiantou à reportagem do Portal Bonde que a CPI deve voltar ao Paraná nos próximos meses para iniciar os levantamentos de casos em cada uma das cidades do estado. As audiências nos municípios devem começar por São João do Triunfo, cidade em que há suspeita de que sete crianças tenham sido levadas para adoção ilegalmente aos EUA.
A família que estaria com as crianças de São João do Triunfo seria suspeita da prática de abuso sexual contra os adolescentes. A suspeita foi levantada após denúncia de uma das filhas adotivas, que completou 18 anos e saiu do convívio com os pais adotivos. "Vamos também até os Estados Unidos ouvir essa jovem. Ela já disse que a principal preocupação é com uma das irmãs mais novas, por causa da suspeita de abuso sexual".
A CPI também deve comparecer com audiência em São Paulo que, de acordo com o deputado, teria cerca de 600 casos suspeitos de adoção ilegal, também intermediados pela ONG Limiar Brasil.
Um requerimento também foi enviado à Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) em que a CPI solicita a lista de crianças que foram adotadas nos últimos 20 anos e que são suspeitas de terem sido traficadas. Segundo Francischini, a lista será comparada com os dados sobre adoção encontrados no apartamento de Audelino.
Quando a CPI retornar ao Paraná, segundo Francischini, a CPI deve fazer um pedido para a Polícia Federal fazer o indiciamento de Audelino por tráfico internacional de pessoas. Uma acareação, feita em Brasília no início de maio, entre o suspeito e o presidente da ONG Limiar, Ulisses Gonçalves da Costa, resultou segundo Francischini, na comprovação de que os dois estariam mentindo sobre as adoções. (com informações do repórter Rubens Chueire Jr., da Folha de Londrina).
(atualizado às 17h40)