Os moradores do núcleo habitacional San Marino, localizado a seis quilômetros do centro de Ponta Grossa, estão denunciando a cobrança de pedágio por gangues que atuam na região. Para poder entrar e sair da vila as pessoas teriam, conforme a denúncia, que se submeter à intimidação dos marginais. A cobrança, que inicialmente seria feita somente à noite, agora estaria sendo feita também pela manhã.
A denúncia está sendo feita pelo vice-presidente da Associação dos Moradores do San Marino, Daniel Lima. Ele está se preparando para fazer vestibular e conta que precisou mudar o horário das aulas da noite para fugir da violência do bairro. "Não tem como chegar ou sair da vila depois das 20 horas. Quem faz isso está se arriscando", declara.
A Polícia Militar informou que já está trabalhando com um policiamento velado na região. De acordo com Sharon Wszolek, aspirante de tenente do 1º Batalhão da Polícia Militar (BPM), o disque-denúncia da PM tem recebido muitas ligações de moradores da área. Em função disso, policiais à paisana estão fazendo um levantamento para tantar identificar os integrates das gangues, para então tomar providências com policiamento ostensivo, preventivo e repressivo.
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O pedágio não teria um valor fixo. "Pode ser qualquer trocado que você tem no bolso", diz Lima. De acordo com Lima, quando o morador não tem nenhuma moeda para dar aos marginais, acaba tendo que deixar uma blusa ou o tênis para poder passar. Os moradores que precisam voltar para casa depois das 20 horas se reúnem para chegar em grupos e assim fugir da ação das gangues. A omissão dos próprios moradores, que temem represálias, dificulta o trabalho da polícia e a identificação dos integrantes das gangues.
Para o delegado operacional da 13ª Subdivisão Policial, Marcus Vinícius Sebastião, o local precisaria ter um policiamento preventivo. "É difícil para a Polícia Civil agir nesses casos porque normalmente os moradores não falam quem integra as gangues porque são pessoas que moram na região. Nós acabamos de mãos atadas", declarou.
A presidente da Associação dos Moradores, Rosália Souvinski, conta que a rua principal do núcleo habitacional não tem iluminação. A alternativa encontrada pelos moradores para fugir do escuro foi usar uma passagem alternativa, onde corre um olho d"água. "Fizemos um pontilhão no local, mas a erosão arrastou tudo. Agora usamos o outro lado para fazer a travessia, que está tomado de mato", reclama.
Segundo ela, a iluminação na rua central do núcleo não existe porque de um lado da rua está localizada uma área pertencente ao município -onde não mora ninguém- e do outro existe uma chácara. "Não há moradores ali e por isso está difícil para a gente conseguir a iluminação.
O coordenador técnico da Agência de Fomento de Ponta Grossa (Afepon), Fernando Scozynski, disse que a prefeitura já começou a atender todos os pedidos formais de instalação de iluminação e que o San Marino deve estar no cronograma de serviços.
Os moradores do loteamento Dom Bosco, que fica alguns metros depois do San Marino, vivem situação semelhante. Só que lá, a iluminação foi destruída pelas próprias gangues. "Eu fico mais de meia hora esperando um colega meu para a gente voltar juntos para o bairro e não atravessar a ponte (pontilhão) sozinho", conta o motorista de ônibus Luís Augusto Miara.
Nos dois loteamentos não há escola, creche, posto de saúde nem rede coletora de esgoto.