A Internet está tornando mais organizadas as redes de tráfico de seres humanos. O alerta é de Alexandre Queiroz, da divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal, responsável por algumas investigações em trâmite na PF. Ele afirmou que as máfias espanhola, italiana, alemã e israelense estão cada vez mais ativas no Brasil. "São países onde o turismo sexual é bastante difundido, com sites vendendo pacotes turísticos onde é possível escolher o tipo de mulher, entre elas menores, para a prática do sexo".
Queiroz explicou também como funcionam as máfias no mapa do tráfico de seres humanos no País. Mafiosos espanhóis atuam mais no Rio de Janeiro, onde existem oitos redes sendo investigadas, e Centro-Oeste, especificamente nas cidades de Goânia e Brasília.
"O aliciamento é feito boca-a-boca em boates. O contato da máfia no Rio de Janeiro vem à Goiânia e ao Distrito Federal para esquentar (falsificar) o passaporte das mulheres. Eles, em alguns casos, cadastram elas na Internet. Quando as mulheres chegam à Madri, apresentam-se à polícia local como turistas. Mas a maioria das mulheres aliciadas em cidades do Centro-Oeste sabe que estarão correndo risco quando chegarem à Espanha", explicou. Recentemente, 16 brasileiras foram localizadas na cidade espanhola de Oviedo. Elas estavam presas em uma chácara.
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A situação no Nordeste complica-se mais um pouco. As mulheres são assediadas mais pela esperança de um "bom" casamento ou de uma falsa proposta de trabalho idônea e sequer imaginam o perigo. "Na maioria dos casos, as mulheres aliciadas são do interior nordestino e com muito pouca informação", afirmou Queiroz. Italianos agem muito em Fortaleza, onde também lavam dinheiro. Meses atrás vários mafiosos ligados às principais ramificações da máfia italiana foram presos no Ceará.
Na região Norte, o fluxo de mulheres concentra-se no aeroporto de Belém, onde há vôo para o Suriname, uma espécie de escala internacional do tráfico de mulheres. Elas embarcam e se prostituem no próprio Suriname ou em outros países. Os aliciadores ficam nos aeroportos. "É um verdadeiro desfile de moda", contou o investigador da PF.
Fotos de pedofilia saem de Manaus - Queiroz alertou que a maioria das mulheres aliciadas em Manaus é de menores. Ele aponta aspectos culturais da própria região amazônica que acabam atraindo os criminosos. "A vida sexual das mulheres da Amazônia se inicia muito cedo. Sem maturidade, elas são presas fáceis para os aliciadores. O número de casos de fotografia de pedofilia em Manaus está crescendo. Essas meninas são fotografadas ou filmadas na própria cidade. Nem sempre são exportadas. As fotos acabam indo para o Sudeste e são comercializadas, inclusive, para tráfico na Internet", destacou. "Algumas realmente acabam sendo levadas para a Venezuela".
A Polícia Federal queixa-se do veto durante o governo Collor do controle estatístico da entrada e saída de brasileiros no País. "Não temos esse controle", enfatizou Queiroz. O único controle mais rigoroso é o de entrada e saída de turistas. Nas regiões Sul e Sudeste, as máfias sentem-se mais vigiadas e a ação acaba sendo mais arriscada. Mesmo assim, agem indiscriminadamente.
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