Lotes de material para esterilização hospitalar foram desviados dos estoques da Secretaria Estadual da Saúde. Sindicância interna da secretaria, concluída em agosto deste ano, sugere que o detergente da marca Endozime pode ter sido "revendido" pela Star Artigos Médicos e Hospitalares Ltda. para a Prefeitura de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba.
Sidnei Guetten, chefe do Departamento de Material e Patrimônio (Demp), foi afastado das funções. Ele é acusado na sindicância de liberar a saída do Endozime, que foi parar num barracão no bairro Xaxim, em Curitiba, antes de ser comercializado. Chefes de divisão do Demp disseram em depoimento que Guetten autorizou a saída dos lotes com a meta de "baixar o estoque" do material. A sindicância não revela a quantidade do material que desapareceu.
Oficialmente, Guetten teria determinado doações de Endozime para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Hospital Regional de Cascavel e 6ª Regional de Saúde, em União da Vitória. No entanto, a direção dos dois hospitais e da regional não confirmaram o recebimento de nenhum litro do detergente.
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O sumiço do Endozime veio à tona depois que o representante da empresa Profilática, Eridon Pereira de Araújo, que tem os direitos de comercialização do material, alertou a secretaria. A chefe da Divisão de Compras, Kioko Kakizaki, relatou na sindicância que Araújo a procurou para avisar que a empresa Star "estaria comercializando o produto a preços abaixo do mercado e, que havia encaminhado ofício para todas as unidades usuárias do produto informando que estava sendo extraviado o Endozime de órgão público, no qual citava os lotes, e solicitava que as unidades usuárias não comprassem porque o procedimento era ilícito."
Araújo informou a Kioko que o produto foi adquirido pela Prefeitura de São José dos Pinhais. O secretário de Saúde do município, Alzemiro Possebom Júnior, disse que não tinha conhecimento do caso. "Não sabemos de nada, nem a secretaria estadual me falou. Estou sabendo por você (repórter) agora", afirmou o secretário, declarando que iria se inteirar da situação para dar uma resposta. O ex-chefe do Demp, Sidnei Guetten, não foi localizado pela reportagem. Na sindicância, Guetten disse não saber informar se o material chegou ao destino previsto. O acusado afirmou ainda não ter conhecimento de qualquer doação sem autorização do Instituto de Saúde do Estado do Paraná (ISEP), que controla o Demp.
Resultados da sindicância foram encaminhados à Procuradoria Geral do Estado (PGE) e ao Ministério Público Estadual. A PGE instaurou processo administrativo para apurar se existem outros funcionários envolvidos no desvio, informou o diretor de recursos humanhos da Secretaria de Saúde, Carlos Batista Soares. Ele disse que o paradeiro do material, que teria sido adquirido pela Prefeitura de São José dos Pinhais, causou "surpresa" na secretaria. Soares informou que como a sindicância tinha poderes reduzidos, todos os citados no caso deverão prestar esclarecimentos no processo administrativo aberto na PGE. O procurador-geral Joel Coimbra também não foi encontrado para falar sobre a investigação.