Motoristas e cobradores de ônibus da Auto-Viação Expresso Sul, em Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), fizeram ontem um protesto contra a falta de segurança no município. De acordo com eles, são registrados entre oito e 12 assaltos por dia na região. A cobradora Judith Navarro, de 52 anos, contou que a criminalidade tem aumentado nos últimos três anos. "Eles não tem hora para atuar. Estão sempre armados com revólveres, facas e marretas. Não fazem somente o assalto, eles seqüestram os ônibus. Vivemos momentos de terror constante", contou ela.
Anteontem, por volta das 8h30, o alimentador Planta Carla foi seqüestrado por dois assaltantes armados. Eles embarcaram no Terminal de Pinhais e foram até o ponto final. Dentro do ônibus estava apenas o motorista, o cobrador e Tiago da Silva, de apenas 7 anos. "Os assaltantes deram voz de assalto no ponto final e obrigaram o motorista a seguir em frente. Qualquer movimento estranho, os assaltantes disseram que atirariam", contou o menino.
O motorista Claudir Rodrigues, 30, teve que seguir com o ônibus até a BR-116, sentido Estrada da Graciosa. "Eles pediram para pararmos o ônibus no acostamento e abriram o cofre", lembrou. Foram roubados R$ 219,00. "Eles estavam nervosos, mas agi com cautela. Primeiro porque tinha um garoto aos prantos dentro do veículo. Depois porque acho que minha vida vale mais do que duzentos reais", salientou ele.
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O cobrador Arnaldo José dos Santos, 36, foi assaltado por volta das 23h40 de anteontem. Dois homens deram sinal para que o ônibus parasse e embarcaram. Cerca de 20 passageiros estavam no veículo. Eles deram voz de assalto, mas não conseguiram abrir o cofre. Levaram R$ 25,50. "Tenho três anos de empresa. Já fui assaltado 69 vezes. Estamos trabalhando para um bando de cegos", ironizou o cobrador, ressaltando o descaso da Expresso Azul e da Companhia de Urbanização de Curitiba (Urbs).
Os motoristas e cobradores ameaçam fazer uma greve de porta aberta caso o problema não seja resolvido. "Vamos levar todo mundo sem cobrar passagem. Não iremos prejudicar ninguém, nem ficar com dinheiro em caixa para ser roubado", analisou Santos.
O motorista Cláudio Humberto (nome fictício) foi assaltado na terça-feira por duas vezes. A primeira em frente ao Clube Santa Mônica. A segunda por volta das 22h40, na linha Bacacheri. De tão traumatizado, ele não foi trabalhar durante esta semana. "Eles me ameaçaram de morte. Estou com muito medo", disse ele. Os 34 passageiros chegaram a deitar no chão. Alguns ficaram pelados dentro do ônibus. "Eles levaram tudo o que os passageiros tinham. Calças, relógios, tênis, boné. Não tinha condição de vir trabalhar", afirmou.
Na próxima segunda-feira à tarde, os cobradores e motoristas terão uma reunião na Delegacia de Pinhais para discutir a falta de segurança na cidade. Serão chamados para participar do encontro representantes da Polícia Militar e da Delegacia de Piraquara. "Vamos nos interar dos fatos, ver onde ocorre a maior incidência de assaltos e traçaremos nossa estratégia. Temos que agir unidos para alcançar melhores resultados", afirmou o delegado Edmundo Hasselmann Neto.
O delegado disse que tinha conhecimento dos assaltos, mas não sabia da gravidade dos fatos. "A criminalidade em Pinhais não é alta. Mas este problema é preocupante. Não prometo resultado, mas prometo trabalho e empenho", considerou.