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No embalo do forró

Zeca Corrêa Leite - Folha do Paraná
09 jul 2001 às 08:47

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Um grupo de forró criado há pouco mais de dois anos em São Paulo está recebendo as bênçãos da gravadora Paradoxx. Depois de integrar a coletânea "Forró Universitário", o Baião D4 destacou-se entre os demais conjuntos, ganhou status de revelação e foi chamado para gravar, tendo total liberdade na escolha do repertório. O CD "Onde a Onça Bebe Água", que agora chega às lojas, traz a marca digital do quarteto.

Os quatro músicos têm na bagagem histórias de outras experiências musicais, como o vocalista Tiago Sena, que veio do reggae, Nazaré e Peixinho que atuavam intensamente no Maranhão, e o percussionista Pixu, que já acompanhou nos estúdios Jorge Benjor, Zé Geraldo, Xuxa, Patrícia Marques. Os quatro, vindos de lugares diversos, encontraram-se em São Paulo e dali saiu a banda.

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O Baião D4 costuma se apresentar em casas de forró paulistanas. "É onde a gente vem atuando muito e onde queremos continuar a tocar", afirma o músico. Essa vivência tornou os rapazes conhecedores do gosto do público. A ciência adquirida da vivência nos salões e seus freqüentadores - "eles procuram o baião para dançar" - levou-os a escolher um repertório onde se ressalta a música dançante. "Queremos mostrar o xaxado, o xote".

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Pixu argumenta que o forró é mais do que uma onda mercadológica. O gênero possui "consistência, substância", ou seja, qualidades palpáveis que os ritmos eleitos para a temporada da moda não têm. Chegam e somem sem deixar marcas. Por sua vez o forró autêntico permanece, mantém-se há décadas, mesmo com o desconhecimento proposital da mídia. "Tomara que venha mais música brasileira de qualidade", aspira.

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"Onde a Onça Bebe Água" não foi produzido no afogadilho para constar da lista com as novas atrações do gênero. O disco traz a clara intenção de representar as cores nacionais, passando pela própria história. A escolha por instrumentos acústicos não se deu por acaso. Em comum acordo os músicos discutiram o direcionamento à ancestralidade, à negritude, às várias etnias que teceram a malha secular do povo brasileiro.


As composições foram buscadas entre os amigos, os membros do próprio grupo e até um ex-Baião D4, Evaldo Cavalcanti. A prioridade ficou nessa escala: "os caras da banda, os amigos e uma regravação, "Chupando Gelo"", detalha Pixu. Acompanhando de perto o trabalho dos rapazes esteve Chico César, respeitosamente citado como o padrinho. Por sinal, foi quem sugeriu o nome do grupo.

Sobre a qualidade musical em suas 13 faixas, Pixu comenta que o País é pródigo em grandes talentos, mas infelizmente falta-lhes oportunidade. A proposta da banda é garimpar o que há de bom, e trazer junto essa moçada desconhecida. "Tendo oportunidade vamos valorizar aquilo que gostamos e conhecemos". O CD é uma amostra daquilo que ele chama de "como uma família": as composições de Evaldo Cavalcanti, Nilton Blau, Jerude, entre outros, que delicadamente desenham um País alegre, manso, poético de fazer dó.


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