O ecossistema da região de Sagrado em Morretes continua a sentir os efeitos do vazamento de óleo ocorrido há quatro meses e meio, dia 16 de fevereiro, quando 52 mil litros de óleo vazaram de um poliduto da Petrobras, nas proximidades do Rio do Meio. Os agricultores que vivem da plantação de abobrinha, chuchu, maracujá, pepino e vagem, descobriram que estão perdendo grande parte das lavouras por causa da presença de óleo no solo e pela ausência de abelhas, responsáveis pela polinização.
As abelhas teriam sido afugentadas pelo cheiro do óleo. As aves saracuras que comem os insetos das lavouras também desapareceram, contribuindo para a queda de produtividade e gerando mais gastos com inseticidas.
Grande parte das lavouras está à beira do Rio Sagrado, que foi contaminado pelo óleo. No momento, a preocupação maior é com a produtividade, mas o vereador e técnico agrícola da Secretaria Municipal de Morretes, Airton Tomazi (PFL), vai mais adiante e suspeita que o solo esteja com muito resíduo de óleo o que poderia provocar sérios danos ambientais e para a população local.
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Segundo Tomazi, muitos agricultores reclamam de dores de cabeça, náuseas e ardência nos olhos. "Dia 25 de junho o rio subiu cerca de três metros e ficou impossível andar por aqui. O cheiro era muito forte e todas as plantas ribeirinhas ficaram com as folhas cheias de barro que não se desgrudam facilmente. Ainda deve ter muito óleo nessa água", adverte.
Na época do vazamento, a Petrobras havia orientado a população local para que não utilizasse a água do rio nem de poços que estivessem até 200 metros das margens do Rio Sagrado. "Mas aqui, a lavoura é toda beira-rio. Se o pessoal não plantar, não vive", retruca o vereador. Os pescadores foram socorridos com a distribuição de cestas básicas, mas os agricultores não tiveram qualquer compensação.
Durante os três primeiros meses depois do vazamento, a Petrobras manteve no local uma equipe de saúde e de técnicos agrícolas. "Eles fizeram alguns tanques, deram mangueiras para a captação de água dos morros, ergueram uma ponte para que as pessoas não atravessassem o rio por dentro d`água, mas não colocaram nenhuma placa proibindo pesca ou banho."
O prefeito de Morretes, Helder Teófilo dos Santos (PMDB), teria feito um acordo com a Petrobras para que fossem tomadas medidas compensatórias, como a instalação de uma microsistema de abastecimento de água, o asfaltamento de alguns trechos de estradas, a reforma do hospital de Morretes, a instalação de um Corpo de Bombeiros e de um posto de saúde, entre outras. "A Petrobras não cumpriu nem um por cento disso", reclama Tomazi.