Um ano após a primeira concessão dos registros para medicamentos genéricos no Brasil, o volume desses remédios colocados à venda ainda é considerado baixo. No Paraná, apenas 3% dos medicamentos comercializados são genéricos. O percentual é pequeno na opinião do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Paraná (Sindfarma), Geonísio Marinho, mas se justifica pelo pouco tempo em que estes remédios estão no mercado e também pela quantidade insignificante que eles representam em relação aos medicamentos de "marca".
O Ministério da Saúde tem atualmente 200 genéricos registrados. O que representa 1,39% do total de medicamentos no mercado brasileiro. A Região Sul é responsável por 17,2% do volume de vendas de remédios no País. Deste volume comercial, 35% são registrados no Paraná. São US$ 722 mil movimentados por ano. Apenas 3%, o que equivale a cerca de US$ 21,6 mil, correspondem a genéricos no Estado. "Isso é resultado da má vontade das indústrias nacionais em produzir os genéricos", opina Marinho.
A gerente geral de medicamentos genéricos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Vera Valente discorda e diz que o Ministério da Saúde está empenhado em colocar novos medicamentos genéricos no mercado. Em fevereiro do ano passado, recorda Vera, apenas 13 genéricos estavam registrados. "Atualmente são 200 e há mais 124 processos em análise para integrarem a lista", salienta.
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Ela admite que a lista de genéricos disponível não atende a demanda, mas adianta que a carência está sendo suprida gradativamente. A cada quinze dias, comenta, uma lista com novos registros genéricos é publicada no Diário Oficial da União. Segundo a Anvisa, responsável por regulamentar os genéricos no País, até o final do ano o mercado deve ser incrementado em 70%. "Queremos dar mais agilidade ao processo de concessão de registros", enfatiza.
Outra preocupação do Ministério da Saúde é incrementar também a divulgação e o acesso à informação desses medicamentos para a população. O farmacêutico da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde do Paraná, Luiz Herthal, salienta que a falta de informação é um dos motivos que dificultam a venda dos genéricos". O paciente não cobra que os médicos receitem genéricos, mas não há uma lei que os obrigue a receitar", diz.
O presidente da Associação dos Funcionários Aposentados da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luiz Andrade Mota, 68, conta que visita médicos pelo menos a cada três meses e que nunca lhe receitaram medicamentos genéricos. "Eu confio nos médicos e se eles não receita, tenho receio de utilizar", diz.
O presidente da Associação Médica do Paraná, Jurandir Marcondes Ribas Filho, nega que os médicos relutem em receitar os medicamentos genéricos. "O que está havendo é uma fase de transição. Não se muda uma cultura em poucos meses", afirma. Segundo ele, é necessário mais tempo para que os médicos, e até os pacientes, se adaptem aos medicamentos. "O paciente, que já está acostumado a determinados remédios, acaba desconfiando de outras marcas", avalia. Ele conta que os genéricos são hoje muito mais receitados do que no início. (Colaborou Ellen Taborda)