Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) revelou que o Paraná pode ficar sem professores dentro de um prazo de aproximadamente dez anos.
Hoje 46% dos professores que estão na ativa têm entre 40 e 59 anos de idade. E como 77,7% dos mestres são mulheres, que se aposentam com 25 anos de trabalho, a estimativa é de que em uma década não haja mais professores em quantidade suficiente para atender toda a demanda existente no Estado.
Professores com idade entre 18 e 24 anos no Paraná representam apenas 1,8%, conforme a pesquisa, que ouviu 112 profissionais. Os outros 50,9% são de professores com idade entre 25 e 29 anos.
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O presidente da APP-Sindicato entidade que representa 60 mil professores paranaenses, e 85% dos ouvidos na pesquisa José Lemos, acredita que o problema pode se agravar num prazo ainda mais curto.
''Na rede estadual atualmente, aposentam-se cerca de 140 professores por mês e a dificuldade de reposição desses profissionais é imensa'', revela. Lemos não acredita que o Estado chegue a ficar sem professores.
O problema, segundo ele, é que os profissionais que são colocados para substituir os que se aposentam, têm cada vez menos qualificação.
Lemos acredita que a questão salarial é o ponto fundamental do problema.
''Ninguém quer abraçar uma profissão que tem pouco mais de R$ 300,00 de salário inicial, enquanto que para qualquer outra função no Estado, que exija terceiro grau, o salário inicial é de R$ 1 mil'', analisa.
Para reverter a situação, pelo menos no quadro estadual, Lemos diz que o primeiro passo seria a aprovação do plano de carreira do Magistério. ''No dia 17 de junho o nosso plano de carreira faz aniversário de cinco anos parado na Assembléia Legislativa'', reclama.
Segundo ele, se até esta data o governo não chamar a categoria para uma negociação, haverá paralisação geral.
A pesquisa da CNTE revelou ainda que 27% dos professores que responderam o questionário têm salários que variam entre R$ 750,00 e R$ 1 mil.
Para isso, no entanto, eles assumem cargas horárias de 40 horas semanais nas escolas e ainda mantém uma média de 11 horas semanais de atividades em casa, para dar conta de todo o trabalho, como planejamento de aulas, elaboração e correção de avaliações.
Cerca de 16% ganham entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil; 13% ganham entre R$ 200,00 e R$ 300,00 e outros 13% entre R$ 1,2 mil e R$ 1,5 mil. Apenas 1,8% têm salários acima de R$ 2 mil.
Outra preocupante constatação da pesquisa é o problema já abordado pelo presidente da APP: a qualificação. Embora 67% dos profissionais que responderam ao questionário tenham curso superior e especialização, 32% não têm acesso a internet, por exemplo.
O índice de leitura também é baixo: 34,8% respondeu que lê somente ''de vez em quando''.