O anúncio de que o pedágio pode variar entre 13% a 18% caiu como uma bomba junto às entidades de classes paranaenses. Ontem, os sindicatos das empresas transportadoras de cargas (Setcepar), das cooperativas (Ocepar), dos caminhoneiros (Sindicam) e as federações da Agricultura (FAEP) e das empresas de cargas (Fetranspar) emitiram uma nota conjunta, na qual questionam o aumento de preços, a não realização de obras e a manutenção falha das rodovias. As entidades alertam o governo estadual de que um aumento acarretaria em maior inflação e custos para a sociedade. Ontem, a Associação dos Usuários de Rodovias encaminhou duas representações à Procuradoria Geral da Justiça, pedindo a suspensão da cobrança das tarifas e do contrato com as concessionárias.
Rui Cichella, presidente da Setcepar, disse que as entidades estranham qualquer aumento. "Quando se definiu o último reajuste, o governo fez um acordo no qual retirou obras, compensando as concessionárias da inflação acumulada", afirmou. No dia 27 de março, houve uma alta de 77,64% para caminhões e 114% para automóveis. Para ele, não faz sentido um reajuste acima da inflação acumulada entre março até dezembro, que fica em torno de 5%.
As entidades reclamam que o governo do Estado tem evitado em implantar o Conselho de Usuários, prometido há oito meses. Esse órgão, que seria formado por integrantes da sociedade civil, representantes das concessionárias e funcionários públicos, fiscalizaria as planilhas de pedágio.
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Os manifestantes também lembram em sua nota que as falhas no processo de concessão das rodovias no Paraná levaram o o Ministério dos Transportes a mudar o modelo a ser empregado em outros estados.
"Essa manifestação é apenas para sensibilizar o governo sobre como podemos atuar frente a uma possível alta", advertiu Cichella, que é porta-voz das entidades. De acordo com ele, a reação pode ser maior ou menor conforme a divulgação dos índices oficiais. Ontem, a reação das entidades provocou discussão dentro governo. A Folha procurou o secretário-chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, para se pronunciar sobre o assunto, mas não encontrou por estar em reunião.
Hoje, algumas das entidades planejam se reunir com o presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus (PTB). O encontro, encabeçado pela Associação dos Usuários de Rodovias, vai acontecer no gabinete, às 14h30. Segundo o presidente da associação, Paulo Muniz, a intenção é ganhar força política para modificar o modelo do pedágio e a intenção de reajuste.
Além disso, a associação encaminhou duas representaçõe ao procurador Geral da Justiça, Marco Antônio Teixeira, que pede a suspensão da cobrança e dos contratos das concessionárias. A entidade alega que não há legislação que regularize o pedágio. Outro questionamento é que o usuário não poderia estar pagando antecipadamente por obras, como forma para financiá-la, que seria ilegal.