O Ministério da Saúde publica este mês, no Boletim Epidemiológico, uma pesquisa sobre cobras venenosas feita pela Secretaria da Saúde do Paraná. Realizada em parceria com o Museu de História Natural de Curitiba e o Instituto Butantã de São Paulo, a pesquisa foi considerada uma das mais importantes do país na área.
O trabalho paranaense tem grande importância não apenas por trazer novas informações sobre as cobras venenosas, mas também por atualizar os dados disponíveis, que datavam de 20 anos atrás. "Agora nós contamos com informações recentes sobre a distribuição das serpentes em nosso Estado e a influência que as alterações ambientais provocaram nestes animais", explica a chefe da Divisão de Zoonoses da secretaria, Gisélia Rúbio.
A pesquisa utilizou registros de acidentes com cobras venenosas ocorridos em todo o Estado no período de 1988 a 1997. Foram investigados todos os 10.265 acidentes do período. Mais de 70% das vítimas eram homens que trabalhavam no campo. Quase a totalidade das pessoas (10.218) conseguiram atendimento, e 47 morreram.
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Os dados coletados mostram que existem 12 espécies de cobras venenosas em solo paranaense. Sete são do grupo das jararacas, uma delas ameaçada de extinção, quatro do grupo de corais e uma do grupo das cascavéis.
"A espécie jararaca é responsável por mais de 70% dos acidentes que acontecem em todo o Estado, isto porque é a cobra que mais se aproxima das habitações humanas", afirma Emanuel da Silva, biólogo do Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos da Secretaria Estadual da Saúde.
Silva explica que as mudanças na vegetação original do Paraná, provocadas pelo desmatamento, influenciaram o comportamento das serpentes. Um exemplo é o aumento de casos de acidentes com cascavéis na Região Norte. "A presença da cascavel naquela área é recente. Esta espécie prefere locais abertos e só passou a ocupar a região depois que o povoamento se tornou mais intenso", informa.