A Câmara Municipal de Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba, ameaça romper a concessão da Sanepar com o município para evitar que parte da população receba água da barragem do Iraí. Os moradores não querem ser abastecidos pela reserva, que sofre com a proliferação de algas desde o início do ano.
Na noite de quarta-feira, cerca de 400 pessoas participaram de uma audiência pública para definir ações contra o projeto da Sanepar, que a partir de dezembro vai destinar água do Iraí para suprir 25% da demanda do município.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal, o vereador Gabriel Samaha (PPS), uma maneira de evitar o abastecimento pelo Iraí seria reavaliar ou até romper o contrato de concessão de Piraquara com a Sanepar.
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Mas para tomar qualquer atitude com relação ao assunto, os vereadores aguardam a votação do projeto de lei 4147/2001, que deve ocorrer na próxima semana no Congresso Nacional. O projeto prevê que a concessão da água saia das mãos dos municípios e passe ao controle do Estado. "Se o projeto for aprovado, ficamos de mãos atadas. O que podemos fazer nesse caso é entrar na Justiça com uma ação de inconstitucionalidade, o que muitos municípios devem fazer também", afirmou Samaha.
A partir de dezembro, a água da barragem do Iraí vai se juntar à produzida pelo sistema Caiuguava/Carvalho, que já abastece Piraquara. Segundo a Sanepar, o sistema já não é suficiente para a demanda e vários bairros que ficam em regiões elevadas sofrem falta de água principalmente nos meses de verão. A água do Iraí levada à Piraquara passará por uma nova estação de tratamento que está em fase de conclusão.
Os moradores de Piraquara não querem ser abastecidos com a água do Iraí. Alguns já começaram construir poços nos quintais de casa. A moradora do bairro Guarituba, Iracema Tinte, 35 anos, já avisou que vai tirar o hidrômetro e devolver à Sanepar.
A assessoria de imprensa da Sanepar informou que o contrato de concessão com Piraquara vai até o ano de 2009. A empresa afirmou que não vai se pronunciar sobre hipóteses e que qualquer município que queira romper contrato deve arcar com algumas despesas, como algum financiamento ainda não amortizado que a Sanepar tenha feito para obras de melhoria na região.