A quadrilha de narcotraficantes desbaratada pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (15) teria movimentado mais de R$ 250 milhões nos últimos dez anos. De acordo com dados da PF, o grupo enviava, semanalmente, cerca de 60 quilos de pasta base de cocaína para passar por um processo de refino em um laboratório instalado em Salvador (BA). Em troca, os narcotraficantes, que levavam vidas de luxo em Londrina, recebiam, por lote, malas de até R$ 600 mil em espécie. O montante era transportado por voos comerciais ou carros populares. A movimentação milionária justifica a quantidade de veículos e produtos de luxo apreendidos com os acusados. "Eles não tinham como declarar os valores e acabavam comprando imóveis, carros e abrindo empresas para lavar o dinheiro", explicou Elvis Secco, delegado responsável por coordenar a operação da PF.
Balanço divulgado pela Polícia Federal durante a tarde dá conta de que foram apreendidos 42 veículos de luxo de até R$ 1 milhão, dois reboques, 27 caminhões, duas motos importadas, 91 relógios e joias, 37 celulares e uma arma de fogo, além de uma tonelada de cafeína e 110 quilos de pasta base de cocaína. "A quadrilha tinha o costume de misturar a droga a ser vendida com cafeína para dar mais volume ao produto. Com isso, os traficantes lucravam ainda mais", destacou Secco.
A operação, intitulada Ferrari pela PF, também resultou na prisão de 16 pessoas, oito delas em Londrina e outras oito em cidades de quatro estados brasileiros. Conforme o delegado, quatro suspeitos seguem foragidos: dois em Mundo Novo (MS), um em Salvador e outro em Indaiatuba (SP). Ainda segundo Elvis Secco, três dos quatro coordenadores da quadrilha foram detidos em Londrina e o outro no estado de São Paulo, onde os traficantes mantinham o setor de logística da quadrilha e empresas utilizadas na lavagem do dinheiro. "Eles montaram estacionamentos em cidades como Campinas e Osasco, com o objetivo de utilizar os estabelecimentos para revender os veículos de luxo comprados com o dinheiro do tráfico. Caso o carro não fosse vendido, era registrado no nome de terceiros e utilizado no procedimento de busca de mais droga no Paraguai", observou.
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Ostentação
Os narcotraficantes presos nesta segunda-feira levavam vida de luxo em Londrina. Conforme o delegado da PF, a cidade era o "porto seguro" dos coordenadores da organização criminosa. Conforme ele, os suspeitos moravam em três dos condomínios mais luxuosos do município e levavam uma vida de alto padrão. "Eles gostavam de ostentar com lanchas e jet skis em cidades próximas, e faziam questão de participar de eventos da alta sociedade", contou Secco.
De acordo com o delegado, Londrina não fazia parte da rota do tráfico internacional de drogas, mas era utilizada como destino final pelos beneficiados pelo esquema.
Transporte
Elvis Secco contou que os carros de luxo apreendidos em Londrina devem continuar na cidade, pelo menos por enquanto. Parte da rua Tietê, nas proximidades da sede da PF, foi bloqueada para servir como estacionamento aos veículos. Já os carros apreendidos em São Paulo, conforme ele, serão transportados por caminhões-cegonha até a superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. "São mais de 40 veículos", disse.
Segundo o delegado, alguns dos veículos serão leiloados e outros utilizados pela PF no atendimento à população.
Receita Federal
As empresas abertas pela quadrilha para a lavagem do dinheiro proveniente do tráfico foram alvo de fiscalização da Receita Federal nos últimos meses. "O órgão fez o cruzamento de dados e descobriu pessoas físicas e jurídicas com rendimentos muito abaixo se comparados às suas movimentações financeiras. Em alguns casos, a movimentação era 200 vezes maior que o valor declarado", explicou Secco.
De acordo com o delegado, a PF só conseguiu descobrir a quadrilha após os trabalhos da Receita. "É um esquema de pelo menos dez anos, que não chamava a atenção da fiscalização por não fazer o transporte de quantidades muito grandes de droga. A quadrilha tinha o costume de trazer até 60 kg do entorpecente por vez, e sempre em carros populares. O diferencial é que a frequência das viagens era muito grande", explicou.