Presos são feitos reféns e ficam feridos durante uma rebelião no Mini-Presídio Hidelbrando de Souza, em Ponta Grossa. O motim começou por volta das 22 horas de terça-feira e só terminou às 16 horas de ontem com a transferência de 29 detentos e a liberação de outros oito, que receberam alvará de soltura. A principal reivindicação dos rebelados era desafogar a prisão, que tem capacidade para 80 internos, mas ontem abrigava 190.
Os amotinados usaram seis internos, presos por estupro, como reféns para forçar as negociações. Eles foram amarrados com lençóis nas grades e permaneceram nessa situação durante toda a noite, formando uma espécie de escudo humano. Os reféns também receberam vários golpes de estoques (armas feitas pelos próprios detentos), principalmente no rosto. O caso mais grave foi do detento José Edemilson Galvão, que teve um dedo amputado.
O momento mais tenso da rebelião aconteceu durante a madrugada. Do lado de fora do presídio era possível ouvir gritos dos reféns que estavam apanhando. Os rebelados também destruíram várias grades, arrebentaram as portas de algumas celas e colocaram fogo em colchões. A cozinha, onde foram queimados colchões, foi a parte mais danificada.
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Os presos também abriram um buraco no lage. Um dos detentos usado como refém, Jakson Cristiano da Silva, tentou fugir por este buraco para escapar das agressões. Ele conseguiu saltar e foi pego por policiais militares.
Depois de uma manhã de negociações, por volta das 14 horas o ônibus que fez o transporte dos detentos para Curitiba chegou ao presídio. A Polícia Militar começou então a fazer uma revista naqueles que seriam transferidos. A lista de transferência foi elaborada pela própria juíza corregedora. Só neste momento os feridos foram liberados para receber atendimento médico.
Dos 190 presos, 24 foram encaminhados para Curitiba, dois para Imbituva, um para Araucária, um para Irati e outro para Palmital. O ônibus saiu de Ponta Grossa por volta das 16h15, com escolta da Polícia Militar. Segundo o diretor do Fórum, juiz Raul Portugal, os alvarás de soltura dos oito presos que foram liberados ontem não foram expedidos antes por falta de algumas certidões criminais. "Esses alvarás foram forçados para contribuir com a negociação e amenizar a tensão no presídio", declarou.
Segundo o juiz, ainda existem outros oito detentos já julgados que podem ser transferidos hoje, dependendo da existência de vagas. Cerca de 70 homens da PM permaneceu no presídio durante a noite para garantir a segurança do local.