"Nós estamos preparados para tudo. Para matar, para morrer, explodir o presídio, transformar tudo num Carandiru." A ameaça, feita pelo menos três vezes por um dos líderes do motim, resume bem o clima que reinava, de manhã, na PCE.
Depois de mais de 40 horas, desde que uma tentativa frustrada de fuga transformou-se em motim, havia poucas chances da rebelião terminar nesta sexta-feira e os detentos já apresentavam uma lista com reividnicações para aguentarem um final de semana de negociações.
Do lado de fora, alguns parentes dos 1,5 mil presos e esposas dos 26 agentes penitenciários mantidos como reféns tentavam obter notícias. Do lado de dentro, os líderes da rebelião insistiam que só mostrariam os reféns caso a polícia concordasse que seus advogados pudessem chegar mais perto do local onde os presos estão concentrados desde o início da rebelião.
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Os advogados Jerônimo Ruiz Andrade do Amaral, de São Paulo, e Kelly Bueno, de Curitiba, representantes de quatro líderes, integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), foram impedidos de se aproximar dos pavilhões onde os detentos estavam concentrados. A ordem teria partido do secretário Estadual de Segurança José Tavares. ""E um desrespeito", disse Kelly, que levou a queixa à Ordem dos Advogados do Brasil - seção Paraná.
Depois de momentos de tensão, os líderes do motim acabaram concordando em levar quatro reféns para o alto do pavilhão onde estavam concentrados e apresentá-los à imprensa. O agente se segurança Luiz Carlos Alves garantiu que os 26 reféns passam bem, que estão se alimentando normalmente e não estão sendo mal tratados. "Mas a situação é tensa. Por isso, o principal é agilizar com o secretário de segurança para que as transferências sejam feitas rápido, para podermos ir embora daqui", afirmou.
A preocupação dos presos é que as negociações sejam interrompidas e a Polícia Militar invada o prédio. "Se isso acontecer nós estamos preparados para morrer ou matar", gritou o preso Cesar Augusto Ruiz aos jornalistas, avisando que dez bujões de gás estavam interligados e prontos para serem acionados neste caso. Os presos também fizeram barricadas de colchões em frente ao portão de entrada e ameaçavam colocar fogo caso a PM fosse acionada.
Ainda na parte da manhã, o deputado federal Padre Roque Zimermann (PT/PR), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, esteve no presídio e, junto com o diretor da PCE, Luiz Carlos Couto, manteve contato com presos e reféns através de uma janela. "Deu para sentir que eles estão nervosos e querem que as transferências sejam feitas o mais rápido possível, até porque este é um direito deles", disse o deputado. Padre Roque diz que viu uma granada em mão dos presos e disse acreditar que eles estão "fortemente armados".
Apesar de nervosos, os detentos não descartaram a possibilidade de aguardar a realização das 23 transferências reivindicadas durante o final de semana. Para esperar, no entanto, eles reivindicaram alimentação suficiente, rádio-comunicadores HT e carregadoers para os aparelhos.