Nem mesmo as obras de revitalização do Passeio Público, iniciadas pela Prefeitura de Curitiba há quatro anos, conseguiram devolver ao local o "ar familiar" de antigamente. O mais antigo espaço de lazer da Capital, que ontem completou 115 anos de fundação, virou ponto de consumo de droga e prostituição, afastando os freqüentadores.
A prefeitura garante que a construção de um módulo policial no local, em 1997, reduziu em 80% as ocorrências. Entretanto, os comerciantes do lugar afirmam que a prostituição continua. "Só aqui na frente ficam em média umas 15", afirmou Adauto Moreira, que há nove meses trabalha como fotógrafo "lambe-lambe" próximo a entrada principal do Passeio Público. Ele diz que o movimento melhorou um pouco, mas ainda precisa de mais segurança.
O pipoqueiro Francisco Goes Filho, há 16 anos trabalhando no local, não acredita que o Passeio volte a ser o que era, apesar de concordar que do ano passado para cá o movimento melhorou. Ele afirma que a decadência do parque começou quando Jaime Lerner assumiu a prefeitura em 1988 e retirou os animais selvagens que eram a grande atração do lugar. "O aquário também ficou fechado por quase cinco anos. Isso aqui ficou realmente abandonado", lamentou.
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Para Goes, a criação de outros parques também acabou afastando os curitibanos do Passeio Público. Os frequentadores de agora, segundo ele, são na maioria de classe média-baixa e que tem no parque uma opção barata e mais acessível de lazer.
O Passeio Público, nas primeiras décadas do século, foi ponto de encontro de políticos, artistas e intelectuais. Até a década de 70, era também o principal espaço de lazer do curitibano e cartão-postal da cidade. O parque tem mais de 69 mil metros quadrados de área e conta com três lagos, diversas ilhas, um palco flutuante, aquário, playground, terrário (onde ficam serpentes e lagartos), e abriga grande variedade de árvores exóticas como o ipê-amarelo, o carvalho, o eucalipto e canela.
O aniversário de 115 anos do Passeio Público foi comemorado com uma caminhada ecológica, que teve a adesão de cerca de 70 pessoas. Um dos objetivos do evento era arrecadar alimentos não perecíveis. Como pouca gente participou da caminhada, a prefeitura em parceria com o Instituto Pró-Cidadania resolveu estender a campanha até o final do mês. As pessoas podem entregar as doações no Departamento de Zoológico (que funciona dentro do Passeio). Os alimentos serão distribuídos entre instituições assistenciais.