O grupo de trabalhadores rurais sem-terra, que havia ocupado a estação experimental do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) em Xambrê (22 km a oeste de Umuarama) no último sábado e deixado a área na segunda-feira, fez duas novas invasões na mesma região.
Na madrugada desta quinta, a fazenda Santa Filomena, em Vila Alta (74 km a noroeste de Umuarama) foi invadida por cerca de 20 famílias. No dia anterior, 50 famílias ocuparam uma área distante cerca de 200 metros da estação do Iapar, a fazenda Santa Izabel. O grupo Xambrê, nome pelo qual é conhecido, não faz parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ou do Movimento dos Agricultores Sem Terra (MAST).
Hoje à tarde, um dos cinco proprietários da fazenda Santa Filomena, que não quer divulgar seu nome, esteve na área e disse que não houve negociação com os invasores. ''Mesmo com interdito proibitório (medida judicial que limita a invasão e informa o Estado da iminência de ocupação) eles entraram, descumprindo uma medida legal. Agora não tem acordo, vamos apelar para a Justiça'', afirmou.
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Segundo o proprietário, o pedido de reintegração de posse da área de 1,1 mil alqueires foi protocolado nesta quinta-feira mesmo no fórum da cidade. Ele informou ainda que a fazenda é produtiva, com plantações de milho, soja, aveia e triticale, além da produção de leite e criação de gado.
A proprietária da fazenda Santa Izabel, Maria Dolores Petenucci, de Xambrê, não foi localizada pela reportagem, mas a informação no fórum da cidade hoje era de que ainda não havia pedido de reintegração de posse da área invadida. A reportagem tentou contato com o líder do grupo Xambrê, Sebastião Rufino, mas seu celular estava fora de área.
Neste ano, o grupo Xambrê já invadiu por duas vezes a sede do Iapar, a primeira em abril, quando ocupou a área por cinco dias. A parte do grupo que estava acampada em Vila Alta, às margens de uma rodovia conhecida como Estrada 30, ameaçou invadir, na semana passada, o Parque Nacional de Ilha Grande.
CUT - O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, defendeu ontem que o governo se apresse no entendimento com os movimentos sociais para diminuir a tensão no campo e nas cidades. Na opinião do sindicalista, é o desemprego que está na raiz do embate. Por isso, segundo ele, de nada adiantaria a polícia bater nos sem-terra e sem-teto e a Justiça prendê-los. ''O problema só se resolverá se houver condições alternativas para as pessoas morarem, trabalharem e viverem de forma incluída'', afirmou.