Grades arrancadas, insegurança nas quatro alas do 3º Distrito Policial, banheiros destruídos, superlotação carcerária. Apesar da transferência de 37 presos para outras cadeias públicas de Curitiba, a carceragem do distrito das Mercês abriga o triplo de presos do que a capacidade original. A cadeia foi construída para abrigar 40 presos e está com 112.
"Estamos em condições precárias. Não há segurança no distrito. Nem para os presos, nem para a população", avisou o delegado Gerson Machado, titular do 3º Distrito Policial.
As visitas foram proibidas no distrito durante esta semana, enquanto uma reforma não é iniciada. "Estão proibidas as visitas por tempo indeterminado. O certo seria a interdição da cadeia e o reparo do local", argumentou o delegado.
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A transferência de detentos para outros distritos foi motivada pela rebelião ocorrida no último sábado, quando presos descontentes com a superlotação fizeram outros sete de reféns.
Dos 37 presos removidos, 15 eram condenados e já deveriam estar no Sistema Penitenciário. Esta situação é comum nos distritos e delegacias de todo o Paraná, que abrigam cerca de 6 mil presos, 25% deles já condenados.
Dos condenados, seis foram recolhidos para o Centro de Observação e Triagem (COT) da Prisão Provisória de Curitiba (PPC) e outros nove foram encaminhados para o Centro de Triagem, onde aguardam vaga numa penintenciária do Estado. O Centro de Triagem abriga atualmente 170 presos, mas tem capacidade para 70.
Sete detentos que ficaram feridos na rebelião estão sendo atendidos no Complexo Médico Penal (CMP), que tem capacidade para 280 presos e atende atualmente cerca de 360. Os outros 15 presos foram encaminhados para o 7º, 8º e 11º distritos. Todos superlotados. O 7º distrito tem capacidade para 40 presos e abriga 117; o 8º tem capacidade para 40 presos e abriga 155; o 11º com capacidade para 44 presos, abriga atualmente 151 detentos.
"A defasagem por vagas é grande. Este é o maior problema de segurança que temos no Estado", admitiu o delegado Benedito Gonçalves, secretário executivo do Departamento de Polícia Civil.
O delegado Marco Antonio Lagana, titular da Divisão da Capital, disse que a interdição do 3º Distrito Policial não resolveria o problema. "Eu vou fazer o quê se interditar o distrito? Vou colocar os presos onde?", questionou ele. "Não temos saída imediata para isto. Tomamos uma medida emergencial para conter a rebelião. Agora é esperar a conclusão das penitenciárias prometidas", salientou.
O delegado-geral da Polícia Civil, Leonyl Ribeiro, disse que está estudando a situação e deverá pedir a reforma imediata do distrito das Mercês. No entanto, os presos não serão removidos. "Vamos fazer as obras com eles lá. Não temos como remover", considerou.
A rebelião no 3º Distrito Policial não é um caso isolado. Na semana passada, em Ponta Grossa, presos se rebelaram por causa da superpopulação no Minipresídio Hidelbrando de Souza. O local tem capacidade para 80 presos e abrigava 213 detentos.