O diretor gaúcho Carlos Gerbase acertou a mão e fez um interessante e surpreendente longa-metragem, que fará sua estréia nacional na sexta-feira. Protagonizado por Maitê Proença e Roberto Bomtempo, "Tolerância" tem doses certas de humor, sexo, drama e suspense, numa trama contemporânea e urbana. Em Curitiba, houve pré-estréia na noite de segunda.
Mesmo antes da estréia oficial, o diretor já se cansou de ouvir comparações entre "Tolerância" e "Beleza Americana" (filme que ganhou, entre outros prêmios, o Oscar de Melhor Filme neste ano). Para os desavisados que o acusarem de plágio, Gerbase lembra que o roteiro inicial de "Tolerância" foi escrito em 1995. "Quando fomos ao cinema assistir "Beleza Americana" levamos um susto com as coincidências", comenta a produtora executiva Luciana Tomasi.
Na opinião de Gerbase, as duas películas não têm tanto em comum. "É muito bom ser comparado com bons filmes e "Beleza Americana" é um deles, mas eu não vejo muita relação entre os dois", diz.
Leia mais:
Motociclista morre em colisão frontal com caminhonete em Guairaçá
Menina de 14 anos morre em colisão frontal de carro e caminhão em Santo Antônio da Platina
Motociclista sem habilitação morre em colisão com caminhão em Arapongas
Nova lei elimina reteste e permite reagendamento gratuito de exames no Detran em 30 dias
"Tolerância" conta a história de um casal que se ama, mas trai. Uma advogada e um fotógrafo, pais de uma adolescente (interpretada pela gaúcha Ana Maria Mainieri), precisam enfrentar situações inesperadas que acabam mudando a vida da família. Ela se envolve com um cliente (Nelson Diniz), enquanto ele vive uma paixão com uma amiga da filha (Maria Ribeiro). A infidelidade se transforma num teste de tolerância para todos.
Totalmente ambientado no Rio Grande do Sul, o filme revela um regionalismo nada sutil. Os atores falam com sotaque gaúcho e tomam chimarrão, enquanto as câmeras exploram ao máximo os belos cenários da região. "Não tenho medo de ser acusado de bairrista, eu apenas trabalho com o que conheço", defende-se Gerbase.
Outro toque pessoal que ele deu no filme foi a inclusão de muito rock`n roll na trilha sonora. Vale lembrar que Gerbase é integrante da banda punk Os Replicantes. "Eu não queria aquele som de pianinho", brinca. O resultado final é muito barulho produzido pelas guitarras de bandas gaúchas.
Um dos pontos polêmicos do filme são as picantes cenas de sexo que temperam "Tolerância". Segundo Gerbase, elas são extremamente necessárias. "Sexo no filme é um elemento dramático importante", explica. O diretor critica o excesso de resguardo e auto-crítica de alguns diretores nacionais. "O cinema brasileiro ficou muito pudico, um cinema feito exclusivamente para a família".
O roteiro de "Tolerância" foi criado por Carlos Gerbase, Jorge Fyrtado, Giba Assis Brasil e Álvaro Teixeira. Na equipe técnica estão alguns dos melhores profissionais do cinema gaúcho, como Alex Sernambi (direção de fotografia), Giba Assis Brasil (montagem) e Fiapo Barth (direção de arte).
A co-produção é assinada pela Casa de Cinema de Porto Alegre e pela Columbia Tristar Filmes do Brasil. O filme entrará em 70 salas das regiões Sul e Sudeste do Brasil nesta semana, incluindo Curitiba, Londrina e Maringá. Dentro de duas semanas, a fita deverá ser espalhada por todo o país. "Tolerância" foi concluído com um orçamento estimado de R$ 2 milhões.