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Um salto para a fama

Simone Mattos - Folha do Paraná
30 jan 2001 às 11:44

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Dia destes, andando pelo calçadão da Rua das Flores, a curitibana Simone Spoladore foi surpreendida por fãs que lhe pediam autógrafos. Atriz há seis anos, ela acaba de perder o anonimato. O motivo é o imenso sucesso de sua personagem Maria Monforte na mini-série global "Os Maias". Depois de cumprir uma verdadeira maratona de gravações que teve início em outubro, ela passa agora dez dias de folga em Curitiba, antes de se estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro.

Seu refúgio é a casa onde moram seus pais e irmãs, no bairro Jardim Social. A família, conta ela, está muito emocionada com seu sucesso nacional. "Eles me dão muita força", resume. Simone iniciou em teatro aos 13 anos e aos 16 já interpretava espetáculos profissionais.

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Hoje, aos 22 anos, prefere não falar muito sobre o futuro de sua carreira. Antecipa apenas que está em negociação de um contrato com a Rede Globo e que está estudando possíveis papéis para o teatro e o cinema. "Não tenho ainda nada confirmado", desconversa. A única certeza é de que, dentro de duas semanas ela estará instalada na cidade maravilhosa.

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Esta triunfal trajetória teve início há quase quatro anos, quando Simone realizou um teste para participar do longa-metragem "Lavoura Arcaica", dirigido por Luís Fernando Carvalho, e foi aprovada. O filme, rodado em 1998 no interior de Minas Gerais, lhe rendeu o precioso contato com o diretor.

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No ano passado, ele a convidou para os testes que definiriam o elenco da mini-série "Os Maias", também sob sua direção. "Eu estava em Curitiba, em cartaz com o espetáculo "Tudo o Que Você Sabe Está Errado", do Fernando Kinas, quando soube que havia sido aprovada", conta.


Isto foi em setembro. Dias depois, Simone já estava no Rio, mergulhando a fundo em sua complexa personagem criada pelo brilhante escritor português Eça de Queiróz. No dia 1º de outubro, toda a trupe partiu rumo a Portugal, para uma longa jornada de 45 dias.

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Lá, o elenco gravou todas as cenas externas e algumas internas. "O baile do príncipe, por exemplo, foi rodado no Palácio de Queluz, em Lisboa", lembra Simone. As locações foram além e se estenderam para Cintra, Coimbra e outras localidades.


Depois disto, a equipe retornou ao Rio de Janeiro e entrou num ritmo alucinante de gravações das cenas internas. "Ficávamos em estúdio das 6 horas às 2 da manhã, diariamente", conta. Em Portugal, segundo descreve a atriz, o ritmo de gravações não era tão puxado e os tempos de filmagem eram mais espaçados. "As cenas gravadas no Rio eram mais fortes dramaticamente, com ritmo maior e exigiam mais", compara.

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Mas todo o esforço foi válido. Não apenas pelo resultado final, mas por todo o aprendizado do processo. "Foi um privilégio viver a Maria Monforte, interpretar Eça de Queiróz", afirma. "Eu aprendi muito porque estive muito bem cercada de pessoas talentosas e generosas".


Além do diretor, Simone já conhecia algumas pessoas do elenco, como os atores Selton Mello e Raul Cortez (narrador da mini-série), com os quais trabalhou no filme "Lavoura Arcaica". Entre os muitos grandiosos atores que conheceu gravando "Os Maias", ela destaca Osmar Prado. "Ele foi um dos que mais me ajudou. É um ator completamente apaixonado pelo que faz", elogia.


Construir a Maria Monforte, em sua avaliação, foi um grande desafio, uma batalha diária. "Era preciso buscar formas novas de encarar cada uma das cenas", diz. O trabalho árduo também foi amenizado pela competente direção. "O Luís é uma pessoa muito sensível, que gosta de trabalhar com atores".

A disciplina necessária para interpretar a personagem, Simone cultiva desde a sua infância. Foram oito anos exaustivamente dedicados ao balé clássico. Na adolescência, aos 13 anos, começou a fazer aulas de teatro e a se apresentar com grupos amadores. O primeiro espetáculo profissional foi "Meno Male", de Juca Oliveira. Nos anos seguintes, trabalhou com diretores locais como Regina Vogue, Fernando Kinas, Felipe Hirsch e Edson Bueno. Participou, entre outros, de espetáculos como "Juventude" (Felipe Hirsch) e "Onde Estivestes à Noite" (Edson Bueno).


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