Dois homens com passagens pela polícia são investigados por agredir suas mulheres com o suposto consentimento delas para serem presos e levarem drogas no estômago ao Presídio de Governador Valadares, na região mineira do Rio Doce. O caso está sendo apurado pela polícia civil do município.
O desempregado Máximo Leandro, 27 anos, conhecido como "Chapa", foi preso enquadrado na lei Maria da Penha no dia 16 de novembro após sua suposta ex-namorada, Kênia Cardoso, 26, denunciar ter sido espancada por ele. Segundo o boletim de ocorrência, no momento da prisão ele disse que agrediu a ex-companheira porque estava drogado.
No dia seguinte, uma ocorrência parecida: Fabiano da Silva de Jesus, 24 anos, também desempregado, foi detido em flagrante por lesão corporal após denúncia de sua ex-namorada, Jhenny Batista, 22 anos. Ela apresentava lesões na boca e na perna. Os dois seriam soltos após pagamento de fiança. No entanto, os investigadores desconfiaram de uma armação porque ambos já haviam sido presos anteriormente por lesão corporal - "Chapa", inclusive, por tráfico de drogas.
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"Depois que policiais federais descobriram que um condenado do regime semiaberto leva drogas para o presídio pelo estômago, ficamos mais atentos e acabamos desconfiando da semelhança das duas prisões", disse hoje à reportagem o delegado Ailton Lacerda, responsável pelo caso.
Na última sexta-feira, por exame de raio x, a Polícia Civil de Governador Valadares confirmou a suspeita. Os dois agressores tinham duas buchas de maconha no estômago cada um. Um deles engoliu ainda uma porção de crack. Com isso, foram autuados por tráfico e permanecem presos à disposição da Justiça.
Tanto "Chapa" como Fabiano negam, segundo Lacerda, terem armado a agressão. "Eles dizem que pegaram a droga com os presos e engoliram porque ficaram com medo de serem pegos", afirmou o delegado. Já as duas mulheres passaram de vítimas a investigadas. Elas serão intimadas a depor nos próximos dias e, caso a suspeita da polícia seja confirmada, serão autuadas por associação ao tráfico de drogas.
A reportagem não conseguiu localizá-las. Segundo o delegado, não se pode afirmar que a entrada de drogas pelo estômago dos detentos seja uma constante no município, mas "certamente a polícia vai intensificar os exames de raio x para coibi-la".