Três policiais militares do 5º Batalhão foram absolvidos pela juíza da 1ª Vara Criminal, Elisabeth Kather, da morte de Paulo Afonso dos Santos, registrada na madrugada do dia 10 de novembro de 2010 na rua Seringueira, perto do número 225, no jardim Nossa Senhora da Paz, zona oeste de Londrina. Na época, os PMs eram integrantes do pelotão de Choque.
A vítima era um dos apoiadores de Edson dos Santos Rodrigues, vulgo "Zoza", 38 anos, conhecido traficante do bairro. De acordo com o Ministério Público, Santos teria fugido de uma abordagem policial, pulado o muro de uma residência e atirado contra a PM, que revidou. Os disparos, segundo laudo emitido pelo Instituto Médico Legal de Londrina (IML), atingiram a cabeça (duas vezes), tórax (um disparo) e braço esquerdo (uma vez).
O capitão que comandava as equipes do Choque na ocorrência, disse "os policiais estavam patrulhando a região, quando visualizaram uma pessoa correndo com uma arma na mão. Nós paramos a viatura, desembarcamos e eu, que era o comandante das guarnições, ordenei que ele parasse, mas tudo isso foi muito rápido. Quando ele pulou o muro, dois policiais abriram o portão e nós entramos em três dentro da residência."
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O PM continuou a fornecer mais detalhes para o Ministério Público. "Nós entramos de frente para um corredor, do nosso lado esquerdo tinha uma porta. Na hora em que demos alguns passos, fomos surpreendidos por uma pessoa, que depois viria a ser identificada como Paulo. Ele apontou a arma para nós e efetuamos disparos simultâneos, até que cessasse a justa agressão".
Outro PM reforçou a versão do oficial ao ser interrogado, acrescentando que "desde a hora em que desceram da viatura, já gritávamos para que ele largasse a arma". Segundo o PM, Santos era "conhecido no mundo do crime". Quando ele morreu, era conhecido por ser "o gerente da favela da Bratac". Outro policial, que também participou da abordagem, comentou que "encontraram porções de cocaína e maconha no imóvel", sinalizando que Santos era envolvido com o tráfico de drogas.
Família alega perseguição
A esposa de Paulo Afonso dos Santos na época, Eliane de Souza, morava com o marido na Vila Casoni, na região central de Londrina, mas que os pais dele residiam no Nossa Senhora da Paz, "por isso o Paulo ia com frequência pra lá". A mulher relembrou que Santos sempre dizia aos parentes que "os policiais não podem me ver que querem me bater".
Legítima defesa
A juíza Elisabeth Kather, ao proferir a decisão, argumentou que os policiais "se utilizaram moderadamente dos meios necessários para se defenderem, e não tinham a intenção de matar a vítima". A legítima defesa, na visão da magistrada, ficou configurada depois que os réus cessaram os disparos quando Santos recuou.