A Polícia Civil investiga se dois homens baleados e internados em hospitais de Campinas são sobreviventes das execuções em série que deixaram 12 mortos entre a noite de domingo, 12, e a madrugada de segunda-feira, 13, em uma mesma região da periferia de Campinas. A principal suspeita é que a ação envolva policiais militares que teriam agido em reação ao assassinato de um PM durante um roubo, horas antes, no mesmo bairro, por dois criminosos.
Nesta quarta-feira, 15, a força-tarefa conduzida pela diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Elisabete Sato, começou a ouvir uma das vítimas e os guardas municipais que atenderam as ocorrências.
O delegado Devanir Dutra, da Delegacia de Homicídios de Campinas, foi até o Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas
Leia mais:
Motorista foge da PRF e abandona carro com 337 quilos de maconha no Norte Pioneiro
Homem acaba morto durante troca de tiros após capotar caminhonete em perseguição policial
Carro é flagrado com 225kg de maconha em Cambé; suspeito morre em confronto com o Choque da PM de Londrina
Descaminho de até R$ 20 mil: quando o crime é irrelevante para a Justiça Penal
(Unicamp) interrogar um homem de 22 anos que levou três tiros disparados por dois homens em uma moto, em um bairro do Ouro Verde - onde ocorreram as chacinas.
"Precisamos saber a hora e os locais onde esses homens foram baleados para poder vincular ou não aos outros crimes", afirmou Sato. A outra vítima também foi baleada na mesma madrugada, em um bairro do Ouro Verde, tem 24 anos e está gravemente ferida, sem condições de dar depoimentos. Os nomes dos supostos sobreviventes não tiveram os nomes incluídos no boletim de ocorrência das mortes.
Tanto os sobreviventes, como os guardas - primeiros a chegarem aos locais - são peças fundamentais nas investigações para apurar o elo entre as mortes, os baleados e o latrocínio do policial militar Arides Luis dos Santos, de 44 anos, morto com um tiro na cabeça, em um posto do bairro, depois que tentou desarmar um dos criminosos, horas antes da chacina.
Os assassinatos, com cinco locais distintos de uma mesma região, ocorreram em um prazo de quatro horas. Pelas declarações feitas por parentes e vizinhos à imprensa, os homens usavam toca ninja e vestiam coletes parecidos com os da polícia. Em mais de um dos locais de execução, eles ainda pediram para que crianças, mulheres e vizinhos que não eram alvo saíssem do local, antes de começar a atirar.
Foram encontradas 53 cápsulas de pistola 9 mm e revólver calibre 380 nos cinco pontos onde as vítimas foram assassinadas. Os tiros atingiram os mortos na cabeça e no tórax, alguns com até cinco perfurações. Todos os pontos eram locais de venda de drogas e metade dos mortos tinha passagem pela polícia.
A Polícia Civil também aguarda a lista dos policiais que estavam trabalhando e os que estavam de folga naquela madrugada. "A maioria absoluta das pessoas com que falei não teve dúvidas em afirmar que os assassinos usavam roupa de policial. Por isso vamos acompanhar para que não haja corporativismo", afirmou o novo ouvidor das polícias do Estado, Julio Cesar Neves.
Manifestação
No começo da tarde desta quarta, cerca de 50 pessoas fizeram uma passeata em protesto aos assassinatos na região do Ouro Verde. Com cartazes pedindo justiça e com os dizeres "injusticeiros", o grupo saiu do terminal de ônibus Vida Nova, bairro onde cinco das vítimas foram mortas, e seguiu até o terminal Ouro Verde. O protesto foi acompanhado por homens da Polícia Militar e da Guarda Municipal de Campinas, que tiveram que intervir quando alguns deles jogaram pedras nas ruas. O ato terminou sem mais confusões.