Pouco antes de tomar posse na quarta-feira (6) como novo juiz do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná, o advogado José Rodrigo Sade disse à coluna Painel, da Folha de S.Paulo, que há "zero pressão" em torno do processo do senador Sergio Moro (União Brasil).
"Ninguém me ligou, ninguém pediu nada. Já tinha lido um pouco do processo antes e agora vou me dedicar somente a isso até o dia do julgamento", diz ele.
Sade foi nomeado pelo presidente Lula (PT) para a vaga na corte regional com base em uma lista tríplice: "Na minha campanha ninguém me exigiu nada, foi tudo super transparente, técnico e ético, como tem que ser, né?".
Leia mais:
Eleições municipais fortalecem direita e dividem lideranças
Política espelha estrutura que exclui mulheres, afirma analista
Lula alerta para horários do Enem e diz que 'não dá para brincar'
Vitória de Kamala Harris é mais segura para a democracia, afirma Lula
Ele também disse que o fato de já ter sido advogado do ex-procurador da República e deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Novo), aliado de Moro, não o torna em condição de suspeição para participar do julgamento.
"Não há uma previsão legal de impedimento de advogado quando vira juiz e atendeu um ex-cliente que não é parte do processo. Seria impedimento se eu tivesse atendido o próprio réu do processo [Sergio Moro]", afirma ele.
"Não me sinto em nada impedido para julgar essa ação com toda isenção que ela merece, como qualquer outra ação no tribunal", acrescenta ele.
Sade já atuou como juiz substituto no TRE entre janeiro de 2022 e janeiro de 2024 e é apontado como um magistrado de perfil técnico, de acordo com advogados que acompanham os julgamentos na corte.
Sua posse no TRE era aguardada pelas partes envolvidas no processo do senador porque o julgamento do caso só poderia ocorrer com a formação completa da corte regional, que tem sete juízes.
O relator do caso, juiz Luciano Falavinha, já concluiu seu voto em 30 de janeiro, mas ainda não antecipou sua posição aos demais membros da corte. O voto será lido só na sessão do dia 1º de abril.
Moro é acusado pelo PT e pelo PL de abuso de poder econômico durante o período da pré-campanha eleitoral ligada ao pleito de 2022. O senador nega que tenha feito gastos excessivos e alega que as despesas relacionadas ao período em que ensaiava uma candidatura à presidência da República pelo Podemos não devem ser consideradas.