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A musa do reich

09 set 2003 às 17:24
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Com a morte de Leni Riefensthal, o cinema perde um de seus mais talentosos e polêmicos valores. Leni foi a cineasta oficial do nazismo e produziu obras-primas da forma cinematográfica, como Olímpia (1938), sobre os jogos olímpicos de Berlim e, principalmente, O Triunfo da Vontade, documentário sobre a convenção do Partido Nazista em 1934.

O Triunfo da Vontade sempre foi um vespeiro. O filme foi bancado por Hitler e mostra o então líder alemão como uma espécie de deus entre os homens. O nazismo, cuja chaga na história se tornou emblema da violência e intolerância entre os povos, era retratado em contornos épicos. O assunto espinhoso, porém, não descredencia O Triunfo da Vontade como uma aula de estética. Desde os planos ousados à fotografia única de Leni, o filme influenciou diversos diretores ao longo dos anos e se tornou material obrigatório para compreender a evolução na estrutura do discurso formal cinematográfico.

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Leni Riefensthal sempre negou seu envolvimento com o nazismo. Afirmava estar prestando apenas um trabalho. Verdade ou não, o que não se discute é o seu valor para o cinema.

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A história da sétima arte é construída por clássicos incômodos. Um exemplo é O Nascimento de uma Nação , de D.W. Griffith. Trata-se da pedra fundamental do narrativa cinemtográfica. Foi nessa produção de 1915 que se explorou pela primeira vez elementos como, por exemplo, a montagem paralela (o famoso "enquanto isso..."). O filme, porém, fazia clara apologia à Ku-Klux-Klan, famigerada organização racista americana. Mostrava membros da KKK como heróis que faziam "justiça" ao perseguir os "negros malvados".

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Da certa maneira, O Triunfo de Vontade se encaixa nesse modelo. A morte de Leni Riefensthal encerra uma carreira de talento extremo, mas está longe de acabar com o estigma e com a polêmica ligados ao seu nome.


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Esta coluna presta tributo à memória e ao talento do grande Charles Bronson, falecido na semana passada. Que Bronson seja lembrado por jóias como Sete Homens e um Destino e Era uma Vez no Oeste, e não somente pela série que o celebrizou, a equivocada Desejo de Matar.


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