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ESTRANHO MUNDO ESTE DOS AUTOMÓVEIS

21 jul 2005 às 11:00
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ESTRANHO MUNDO ESTE DOS AUTOMÓVEIS

A "Máquina"

Esperando o sinal abrir, um carro na fila ao lado, um pouco mais à frente chamou a minha atenção. Não por que fosse bonito, por que tivesse estilo, ou por que fosse um carro, digamos, de grife. Justamente ao contrário, chamou a minha atenção por que para o meu gosto era, na perfeição, o oposto de tudo isto; feio, desproporcional, sem design, cara de lento, desengonçado, por exemplo, com muita lata e pouca roda.. Esforcei-me um pouco para conseguir decifrar o modelo pois o estilo das letras era tão rebuscado, que era difícil ler. Pior quando consegui. Era um....Nubïra....! Sim, com hífen. Não sei o que significa na sua língua de origem(coreano). Mas não consigo imaginar significado tão sublime capaz de compensar o que esta palavra soa mal em português. Portanto nada, por maior que fosse a minha boa-vontade, pude encontrar de positivo naquela "máquina". Obs.; os italianos são tão loucos por automóveis e pela arte em desenhá-los e construí-los que, com reverência, chamam-no de máquina. Pensei comigo; como os italianos fariam para se referir a um Nubïra??

Tenho uma mania..,

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quando vejo um carro "tunado", cheio de neon, quando encontro algum boy de bairro com o som no último, em cujo porta-malas não cabe nem uma flanela, só auto-falantes, tento ver e observar detalhes do motorista. Acho que sei o por que. É como se eu estivesse tentando traçar o perfil Lombrosiano das pessoas que tem este gosto, tentando definir as características próprias de tribos com estes costumes. É mais ou menos como cruzar com um sujeito quietinho, normalmente de boné branco, meio barrigudinho, camisa meio aberta, sapato branco. Quase certo, é jogador de snooker. E dos bons. É como encontrar um sujeito usando um imenso chapéu, jeans justo de cintura baixa, cinto com uma fivela quase do tamanho da placa de um automóvel. Não dá para apostar um cabelo que esta peça seja um surfista do arpoador.

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Então, movido pela mesma força, fui atrás do Nubïra. E nestas horas a minha cidade, que tem os semáforos mais desincronizados do mundo, me ajuda. Pois na esquina seguinte, sinal fechado, encostei ao lado. Percebi então que o motorista já tinha notado que eu estava de olho na sua máquina. Pois ele me olhou e como quem dá um tapa nas costas de um amigo querido, deu uma batidinha no painel e, mais, como os felizes clientes das Organizações Tabajara, deu um largo sorriso de satisfação e um amplo sinal de positivo. Estava claro, um feliz e orgulhoso proprietário de um..., Nubira... E era sério, acreditem-me... Para tentar entender aquela estranha razão, como quem procura chegar no núcleo mais central de uma esfera, fui

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Descascando-a...:


Comecei a me fazer as perguntas que levam alguém a escolher um determinado modelo de automóvel; pela marca? Não, não é nenhuma Brastemp. Muito pelo contrário. Pela beleza? Aí então, de jeito nenhum. Obs.; diz-se que gosto é questão pessoal. Você conhece um Nubïra? Pois ouso a dizer que no quesito beleza ele será uma unanimidade. Até para o Steve Wonder. Pela imensa rede de assistência técnica? Não existe. Pelo seu ótimo preço? Temos inúmeros carros mais baratos, principalmente, com uma relação custo/benefício muito melhor. Pelo ótimo valor de revenda? Já imaginaram a dificuldade que deve ser vender um Nubïra usado? Deve ser mais fácil vender uma geladeira para um esquimó. Resumindo, pelo bom e velho método da exclusão, só fui ticando. E sobrou apenas um motivo. Além de só ter ele a me apegar, a atitude de felicidade do proprietário não deixa dúvidas. É a força que move o mundo; a paixão. Sim, ou alguém aí pensa que é o dinheiro ou o poder? Pare pra pensar; dinheiro, poder, "é" a paixão. E a partir de agora,


vamos "viajar" um pouco nas asas de um Nubïra;

muito fácil se apaixonar por um belo Mercedes, por um atraente BMW, por um charmoso Jaguar, por um Porche sedutor... Difícil mesmo é se apaixonar por um Nubïra....!!!, que deve pensar; "meu Deus, tanta beleza, tanto design, tantos acessórios, tanta nobreza para uns, e tão pouco para mim...". É, neste mundo plástico em que vivemos, em uma análise rápida e superficial, não dá para tirar a razão a um Nubïra. Mas, vamos aprofundar esta análise; todos aqueles magníficos automóveis serão vitimas, justamente, das suas qualidades; são objetos do desejo e, por isto, formam ligações superficiais com quem por eles são atraidos. São projetados para quem procura satisfazer aqueles impulsos imediatos "da moda", de poder e de vaidade. Ob.; leia de novo a frase anterior usando a palavra "projetado" sob o entendimento Freudiano. Acontece que novos e mais modernos modelos de consumo surgirão e, para a própria surpresa dos(das) que se acham insubstituíveis, começarão a ser trocados por mais novos(as). E neste exato instante um inexpressivo Nubïra, conduzido pelo seu feliz e orgulhoso proprietário passará por um destes ex-magníficos e, com um sutil sorriso e um quase irônico olhar de canto(de para-choque) será o exemplo de como (ainda) são significativos os bons e verdadeiros sentimentos que só existem, se baseados em valores verdadeiros. E como são efêmeros e passageiros os valores estéticos e superficiais que (parecem) mover o mundo. É....., estranho mundo este dos automóveis.......


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