Há uma faísca
no olhar de quem vê o mundo, um pouco mais longe. Há uma névoa a empalidecer o sorriso de quem vê a vida, um pouco mais além. Para estas pessoas, há um permanente gosto de fel, de melancolia. E surge a cicatriz. Na alma.....
Dois homens, geniais homens, encaixam-se neste modelo; Ernest Hemingway, e Pedro Nava. Muito mais do que o fato de ambos terem sido escritores, referências, cada um no seu estilo, forças literárias, autores de obras sublimes na compreensão e na descrição das emoções humanas, algo mais profundo os une. E sobre isso é que trataremos. Nômades incorrigíveis, donos de espíritos tempestuosos e irrascíveis, principalmente Hemingway. "Buscadores" compulsivos, no entanto, nem mesmo eles sabiam muito bem o que buscavam.
Não pretende este artigo ser biográfico mas, para poder compreender com a devida precisão a frase que abre este artigo, importante deixar claro algo do perfil do seu autor, seus traços-mestres, sua lógica, pois este é o conjunto que explode e cria referências, personalidades, muito maiores do que seu tempo ou seu espaço.
Esta frase é de Hemingway que,
no dizer de Garcia Marques, Nobel de literatura em 82, é o único escritor que pode ser considerado um "cientista da escrita". Combatente na 1ª guerra mundial a qual deu baixa por ferimentos, condecorado por bravura, anarquista, ativista na guerra civil espanhola, jornalista de guerra(inúmeras), correspondente de jornais norte americanos nos Bálcãs e no Oriente Médio, bravo e exímio caçador na África em safáris extremamente bem descritos em alguns dos seus mais belos romances, apaixonado por touradas, pescador, louco pelo mar, vide, "O Velho e o Mar", a sua obra-prima e ganhador, simplesmente, do Prêmio Pulitzer e do Nobel de Literatura. E alcoólatra, e boêmio, homem de muitas mulheres, de muitas paixões. Casado por, quatro vezes. Obs.; e avô de duas lindas mulheres; Margot e Mariel Hemingway.
Então, em face de uma vida, digamos, "tão cheia", preste ainda mais atenção a esta frase. Ela é emblemática, não só sobre o seu autor. Refere-se, e se aplica, a todas as pessoas básicas mas, especialmente, às que possuem características de espírito e de personalidade tais como as de Hemingway. Ela revela toda a, digamos, "conturbação" pela qual passam. Seja Van Gogh, seja Nitszche, seja Arnaldo Jabor(atenção, perceba), e tantos. Ela expõem o código genético da célula-matter, que dá origem a série. Nem Hemingway percebeu mas, nesta sua frase, ele refere-se a si próprio; ele tornou-se uma vítima da sua própria natureza, do seu próprio espírito, da sua própria vida, da sua própria sensibilidade, da sua curiosidade em "descobrir", da sua "descoberta" nua e crua das misérias da natureza humana e no final, talvez por tudo isto, surgiu o "mal resolvimento", que dele tomou conta. É como a criatura que mata o seu criador.
Mas na frase, ele se refere apenas às mulheres. Por que? Dois motivos; para alguns, é muito difícil reconhecer falhas, defeitos, apontar o dedo contra si próprio. E por que era um grande chauvinista, então, muito mais fácil apontar contra as mulheres. Em síntese; quero ampliar, quero abrir o zoom desta frase; ela se encaixa, como luva, a todo o mal resolvido, não importando o sexo, a idade, a beleza, a riqueza, nada, nada... Feita esta correção de rumo, então, o conselho que lhe dou; fuja das pessoas mal resolvidas, não importando a forma como o "mal resolvimento" se apresenta; se por que ele não ama a si próprio, é incapacitado para amar. Ou, o contrário, se é um egocêntrico que não tem espaço para outro que não seja a si próprio, fuja. Se a sua vontade própria é do tamanho de uma avelã, fuja também pois, falamos de um brinquedo de controle-remoto. Se por que vê a vida como uma guerra, se por que luta contra fantasmas... Então, atenção, o mal resolvimento é como um totem e se mostra, por mil faces.
E Pedro Nava,
o "rabugento Nava" que, no dizer de Fernando Sabino foi "Uma catedral numa paisagem de tantas igrejinhas". Na sua mais conhecida poesia, "O Defunto", escreveu; ..meus amigos tenham pena/se não do morto, ao menos/dos dois sapatos do morto!/dos seus incríveis, patéticos sapatos pretos de verniz./Olhem bem estes sapatos, e olhai os vossos também...
Mas, além do fato de terem sido escritores geniais, de terem vivido no mesmo tempo mas em espaços diferentes, de não terem se conhecido, afinal, por que Nava está num artigo que trata de Hemingway? Por que em muitos aspectos, tiveram vidas parecidas, por que na opinião deste articulista barato, tinham espíritos gêmeos. E por que Nava poderia, tranquilamente, ser o autor desta frase de Hemingway. Seria coerente. E Hemingway a emprestaria. Com honras.
Também, juntos no destino, se encontraram no capitulo final das suas historias; ambos, se mataram. E velhos; Hemingway aos 62 anos, com a sua maior arma de caça, e Nava aos 78 anos com uma garrucha, uma velha......,,,,,garrucha....
E.T.; Para o mal resolvido, não existe lugar que seja céu, que lhe traga paz. Exemplo? O próprio Hemingway; viveu grande parte, e o final da sua vida em Cuba, um dos mais lindos lugares deste mundo. Obs.; apesar de Fidel que, na época, era mais um (desconhecido) mal resolvido, por falar nisto. E a casa de Hemingway ficava no mais belo lugar da Ilha. E, bum...!!!
no olhar de quem vê o mundo, um pouco mais longe. Há uma névoa a empalidecer o sorriso de quem vê a vida, um pouco mais além. Para estas pessoas, há um permanente gosto de fel, de melancolia. E surge a cicatriz. Na alma.....
Dois homens, geniais homens, encaixam-se neste modelo; Ernest Hemingway, e Pedro Nava. Muito mais do que o fato de ambos terem sido escritores, referências, cada um no seu estilo, forças literárias, autores de obras sublimes na compreensão e na descrição das emoções humanas, algo mais profundo os une. E sobre isso é que trataremos. Nômades incorrigíveis, donos de espíritos tempestuosos e irrascíveis, principalmente Hemingway. "Buscadores" compulsivos, no entanto, nem mesmo eles sabiam muito bem o que buscavam.
Não pretende este artigo ser biográfico mas, para poder compreender com a devida precisão a frase que abre este artigo, importante deixar claro algo do perfil do seu autor, seus traços-mestres, sua lógica, pois este é o conjunto que explode e cria referências, personalidades, muito maiores do que seu tempo ou seu espaço.
Esta frase é de Hemingway que,
no dizer de Garcia Marques, Nobel de literatura em 82, é o único escritor que pode ser considerado um "cientista da escrita". Combatente na 1ª guerra mundial a qual deu baixa por ferimentos, condecorado por bravura, anarquista, ativista na guerra civil espanhola, jornalista de guerra(inúmeras), correspondente de jornais norte americanos nos Bálcãs e no Oriente Médio, bravo e exímio caçador na África em safáris extremamente bem descritos em alguns dos seus mais belos romances, apaixonado por touradas, pescador, louco pelo mar, vide, "O Velho e o Mar", a sua obra-prima e ganhador, simplesmente, do Prêmio Pulitzer e do Nobel de Literatura. E alcoólatra, e boêmio, homem de muitas mulheres, de muitas paixões. Casado por, quatro vezes. Obs.; e avô de duas lindas mulheres; Margot e Mariel Hemingway.
Então, em face de uma vida, digamos, "tão cheia", preste ainda mais atenção a esta frase. Ela é emblemática, não só sobre o seu autor. Refere-se, e se aplica, a todas as pessoas básicas mas, especialmente, às que possuem características de espírito e de personalidade tais como as de Hemingway. Ela revela toda a, digamos, "conturbação" pela qual passam. Seja Van Gogh, seja Nitszche, seja Arnaldo Jabor(atenção, perceba), e tantos. Ela expõem o código genético da célula-matter, que dá origem a série. Nem Hemingway percebeu mas, nesta sua frase, ele refere-se a si próprio; ele tornou-se uma vítima da sua própria natureza, do seu próprio espírito, da sua própria vida, da sua própria sensibilidade, da sua curiosidade em "descobrir", da sua "descoberta" nua e crua das misérias da natureza humana e no final, talvez por tudo isto, surgiu o "mal resolvimento", que dele tomou conta. É como a criatura que mata o seu criador.
Mas na frase, ele se refere apenas às mulheres. Por que? Dois motivos; para alguns, é muito difícil reconhecer falhas, defeitos, apontar o dedo contra si próprio. E por que era um grande chauvinista, então, muito mais fácil apontar contra as mulheres. Em síntese; quero ampliar, quero abrir o zoom desta frase; ela se encaixa, como luva, a todo o mal resolvido, não importando o sexo, a idade, a beleza, a riqueza, nada, nada... Feita esta correção de rumo, então, o conselho que lhe dou; fuja das pessoas mal resolvidas, não importando a forma como o "mal resolvimento" se apresenta; se por que ele não ama a si próprio, é incapacitado para amar. Ou, o contrário, se é um egocêntrico que não tem espaço para outro que não seja a si próprio, fuja. Se a sua vontade própria é do tamanho de uma avelã, fuja também pois, falamos de um brinquedo de controle-remoto. Se por que vê a vida como uma guerra, se por que luta contra fantasmas... Então, atenção, o mal resolvimento é como um totem e se mostra, por mil faces.
E Pedro Nava,
o "rabugento Nava" que, no dizer de Fernando Sabino foi "Uma catedral numa paisagem de tantas igrejinhas". Na sua mais conhecida poesia, "O Defunto", escreveu; ..meus amigos tenham pena/se não do morto, ao menos/dos dois sapatos do morto!/dos seus incríveis, patéticos sapatos pretos de verniz./Olhem bem estes sapatos, e olhai os vossos também...
Mas, além do fato de terem sido escritores geniais, de terem vivido no mesmo tempo mas em espaços diferentes, de não terem se conhecido, afinal, por que Nava está num artigo que trata de Hemingway? Por que em muitos aspectos, tiveram vidas parecidas, por que na opinião deste articulista barato, tinham espíritos gêmeos. E por que Nava poderia, tranquilamente, ser o autor desta frase de Hemingway. Seria coerente. E Hemingway a emprestaria. Com honras.
Também, juntos no destino, se encontraram no capitulo final das suas historias; ambos, se mataram. E velhos; Hemingway aos 62 anos, com a sua maior arma de caça, e Nava aos 78 anos com uma garrucha, uma velha......,,,,,garrucha....
E.T.; Para o mal resolvido, não existe lugar que seja céu, que lhe traga paz. Exemplo? O próprio Hemingway; viveu grande parte, e o final da sua vida em Cuba, um dos mais lindos lugares deste mundo. Obs.; apesar de Fidel que, na época, era mais um (desconhecido) mal resolvido, por falar nisto. E a casa de Hemingway ficava no mais belo lugar da Ilha. E, bum...!!!