Depois de cair da 12ª para a 15ª maior economia do mundo em 2003, o Brasil deve subir um degrau no ranking das maiores economias em 2004 e encerrar o ano na 14ª colocação, com isso a Holanda cai para a 15ª posição. Ademais, o país se aproxima da Coréia do Sul, que deve perder a 12ª colocação de 2003 para a Índia. Apesar da expectativa de melhora do Brasil para este ano, o país ainda está longe de voltar a ocupar posições de destaque no ranking como foi em 1998 quando o Brasil ocupou a 8ª posição. Se confirmadas essas variáveis, o PIB brasileiro em dólares atingirá US$ 570 bilhões, retornando, portanto, aos níveis observados em 2000 (US$ 594 bilhões).
A provável melhora do Brasil no ranking das maiores economias neste ano deve-se basicamente a três fatores: i) taxa de crescimento do PIB elevada (+4,2%); ii) valorização da moeda por volta de 3,5% em relação a 2003 e; iii) taxa de inflação ainda em níveis elevados (é a segunda maior taxa entre os países que compõem o ranking, perdendo apenas para a Rússia: 11,2% contra 7,3%).
Até o ano passado a Rússia era uma ameaça real ao Brasil, podendo inclusive ultrapassá-lo já em 2005. Essa mudança no ranking, no entanto, pode ter sido adiada para 2006 ou 2007. Nos últimos anos, a Rússia se aproximou da economia brasileira numa velocidade muito rápida, fato ocorrido tanto em virtude do seu elevado nível de crescimento econômico, quanto pelo baixo nível de crescimento da economia brasileira (inclusive queda em 2003), além da desvalorização da moeda nacional que encolhe o valor do PIB em dólares. O Rublo, moeda russa, tem uma valorização estimada para este ano de 6,2%, valor que é quase o dobro da valorização esperada para o Real frente a moeda norte-americana (3,5%).
Em 2003, a Rússia ocupou a 16ª colocação com uma diferença de apenas US$ 74 bilhões em relação ao Brasil, já neste ano a diferença caiu para US$ 46 bilhões. Essa diferença só não ficou menor devido à expectativa de crescimento elevado da economia brasileira para 2004 (algo em torno de 4,2%) que, se confirmada, afasta definitivamente a possibilidade do Brasil ser ultrapassado pela Rússia este ano. No entanto, esse risco pode voltar nos próximos dois anos, e para que isso ocorra basta que a economia brasileira cresça abaixo de 3% em 2005 e em 2006 e a Rússia mantenha a média de crescimento observada nos últimos 4 anos (6% ao ano).
DEMAIS ECONOMIAS:
Em relação às demais economias, a maior perda de posições ficou por conta da Coréia do Sul, que deve passar para a 14ª colocação em 2004 após ter encerrado o ano de 2003 na 11ª colocação. A Austrália, por sua vez, é a economia que deve apresentar o melhor desempenho neste ano, pois deve subir para a 11ª posição após ter ocupado a 13ª posição em 2003.
A diferença entre a piora da Coréia e a melhora da Austrália é resumida na desvalorização da moeda, visto que a taxa de crescimento do PIB e de inflação estão relativamente próximas (PIB: Austrália=3,5% e Coréia=5,5%; Inflação: Austrália=2,6% e Coréia=3,7%). Enquanto a moeda da Coréia apresenta uma valorização estimada para este ano de cerca de 2,1%, a moeda australiana tem uma valorização esperada acima de 10%. Por exemplo, considerando a mesma taxa de valorização da Coréia (2,1%) a Austrália cai para a 13ª colocação.
Quanto às 10 primeiras economias do mundo, houve apenas uma alteração no ranking deste ano em relação ao de 2003. A Espanha que ocupava a 9ª colocação subiu para a 8ª colocação no lugar do Canadá. A diferença entre ambas é de apenas US$ 5 bilhões, ou seja, qualquer alteração que ocorra daqui até o resultado efetivo no ano, seja em inflação, taxa de crescimento ou de valorização da moeda, certamente veremos novas alterações entre essas duas economias.
Por fim, temos a China que apesar de não ter subido nem caído de posição no ranking, está muito próxima de ocupar a 6ª colocação tomando o lugar da Itália. Para tanto basta que o Euro se desvalorize em relação ao dólar, pois, tanto o crescimento quanto o nível de inflação da Itália estão baixos. Se isso ocorrer, a China não apenas passa a ser a 6ª maior potência do mundo como começa a ameaçar o lugar da França nos próximos anos.
A SUPREMACIA NORTE-AMERICANA:
Os Estados Unidos lideram com folga o ranking das maiores economias. O PIB norte-americano soma a cifra de US$ 11,7 trilhões, esse valor é maior que a soma das economias do Japão, Alemanha, Reino Unido, e França. É por esse e outros fatores que a economia dos EUA é a maior receptora de investimentos estrangeiros.
Considerando a soma das 15 demais economias – excluindo os EUA, portanto – o PIB norte-americano representava em 2001 aproximadamente dois terços do total (65,4%). Com a desaceleração da economia norte-americana e a valorização das demais moedas, principalmente o Euro, em relação ao dólar, o PIB dos EUA representa em 2004 56,9%.
METODOLOGIA:
Esse estudo tem como base os valores dos PIBs das demais economias do mundo divulgados pela OECD e as expectativas de crescimento elaboradas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), com exceção da previsão para o PIB brasileiro, que foi extraída da pesquisa FOCUS do Banco Central. Com esses números, é possível calcular os PIBs em dólares para cada país, medida muito utilizada na determinação de investimentos estrangeiros, pois é mais um parâmetro de solvência da economia. O cálculo considera a expectativa de crescimento dos países, a desvalorização ou valorização das moedas – calculada a partir da razão entre a expectativa do câmbio médio do ano corrente e o câmbio médio do ano anterior – e a expectativa de inflação de cada país.
Os cálculos foram elaborados a partir dos dados do PIB brasileiro referente ao 2º trimestre de 2004 divulgados pelo IBGE no último dia 31 de agosto.
Créditos: Alexsandro Agostini Barbosa é economista da Global Invest