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A biografia em quadrinhos do mestre do horror

16 mar 2006 às 11:00
"Encantarias" consegue o feito de colocar em quadrinhos elementos da cultura brasileira de forma funcional e com resultado agradável - Reprodução
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Curitiba - Howard Phillips Lovecraft é um dos autores de horror mais lidos em toda a história da literatura. Sua intimidade com as criaturas da noite e o lado obscuro do ser humano naturalmente faziam o terror saltar de sua imaginação para as páginas de seus livros. E agora o autor recebe uma justa homenagem em quadrinhos, que revela detalhes de sua vida. Lovecraft, da Vertigo/DC Comics, chega ao Brasil através da Devir Livraria.

Lovecraft nasceu no dia 20 de agosto de 1890 e morreu em 1937. O que viria ser um dos maiores autores de terror de todos os tempos, teve um crescimento um tanto esquisito e precoce. Motivado pelos contos de Edgar Allan Poe, narrados pelo seu avô, Whipple Van Buren Phillips, Lovecraft já recitava poesias aos dois anos e aprendeu a ler aos três. Aos sete anos sabia escrever.

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Na infância de Lovecraft nasceu o pseudônimo do livro mais temido pelos mortais: o Necronomicon. O autor, Abdul Alhazred, saiu da leitura de Arabian Nights, e sua criação é uma mistura de coisas da mitologia grega e outras fábulas modernas. Para ter uma idéia de como a criação de Lovecraft ganhou vida própria e aterrorizou muita gente, há um sem número de pessoas que acreditam fielmente na existência de Chtulu, Arkham e, claro, no Necronomicon.

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Lovecraft teve um encontro inusitado com o escapista Harry Houdini e foi colaborador intenso dos trabalhos de Robert E. Howard, criador de Conan. Segundo relatos, teria escrito mais de 100 mil cartas, nas quais era tão talentoso com suas esquisitices quanto nos romances. Sua produção constante também foi creditada ao fato de ter vivido recluso por muito tempo, dominado por suas sombrias criações.

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Como bem cita o diretor de cinema John Carpenter (de vários clássicos, como Halloween, A Coisa, Christine, Eles Vivem, entre outros), no prefácio da edição da Vertigo, não há outro autor de terror que tenha virado adjetivo. Existem textos ''lovecraftianos'', mas não ''shellianos'' ou ''stokerescos'', ainda que Frankenstein ou Drácula sejam referências do gênero até hoje.


A edição que chega ao Brasil saiu de um roteiro de Hans Rodionoff (presente em trabalhos de John Carpenter e Clive Barker), adaptado para os quadrinhos por Keith Giffen (famoso por sua passagem em Lobo e a fase hilária da Liga da Justiça, no início dos anos 90) e o artista argentino Enrique Breccia (Batman Preto e Branco, Monstro do Pântano).

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Está tudo lá, de forma romanceada, numa saborosa mistura entre a realidade e ficção, bem ao estilo Lovecraft: sua infância excêntrica, seu encontro com Houdini, seu crescimento incomum e a intimidade com o medo das pessoas. A arte-final rebuscada de Breccia -que, diga-se de passagem não propõe ''briga'' entre hachuras e cores em busca de textura-, alternada com belas páginas em lápis aquarelado deixam o livro ainda mais recomendável.


Encantarias - Toda vez que alguém tenta ''abrasileirar'' quadrinhos no estilo de publicação norte-americana, o resultado nunca parece ser agradável. Aqui isso não acontece. O grupo do Estúdio Casa Velha trouxe uma aventura com legítimos elementos da cultura indígena nacional sem tentar inventar um ''estilo brasileiro''.

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Encantarias traz a história de três jovens índios -um forte, um ágil e outro inteligente-, escolhidos pelo deus das tempestades, Tupã, para unir suas habilidades em prol de um bem comum para sua comunidade. Ao longo da aventura, o trio se depara com vários obstáculos e lendas do folclore nacional.


A edição desse pessoal de Belém é muito bela, tem um bom acabamento e roteiro hermético, consistente e fluente. A mitologia indígena brasileira traz um cenário tão rico a ser explorado quanto as dezenas de histórias politeístas adaptadas de outras culturas aos quadrinhos, como em revistas norte-americanas ou japonesas, por exemplo.

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A arte de Otoniel de Oliveira é simples e bastante funcional. Usa de elementos de desenhos animados -aquela coisa cartunesca, de ilustrações publicitárias-, misturados com a tradicional forma de contar histórias nos quadrinhos. A pintura, feita também por Fernando de Oliveira (seriam eles irmãos?), foi essencial para que as imagens tivessem bom encaixe com o texto.


Serviço: Lovecraft sai no formato 16,5 x 24 cm, com 144 páginas coloridas, a R$ 38,50. Encantarias tem formato 19 x 27 cm, com 56 páginas coloridas, e custa R$ 12,50.

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O povo quer saber: Por que não lançam no Brasil mais coisas do Charles Burns?


A revistas citada acima podem ser encontradas em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.

Música+Quadrinhos: Bauhaus+Lovecraft


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