Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade

Quadrinho explora o violento estilo splatter-gore

12 jan 2007 às 11:00
Panorama do Inferno sai em formato pequeno e O Fotógrafo é album de luxo - Reprodução
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Curitiba - Já viu Jogos Mortais, O Albergue ou alguma besteira comercial do gênero? Bem, pra quem acompanha de perto as doidices dos japoneses há anos, o teor violento desses filmes não são exatamente coisa original. A prova está aí, nas bancas: a Conrad Editora acaba de lançar Panorama do Inferno, de Hideshi Hino, uma das produções da tendência splatter-gore que povoou quadrinhos e filmes, em fases irregulares, dos anos 60 até hoje.

Sangue, mutilações, sadismo, loucura. Muita gente não sabe, mas a onda recente dos filmes de terror é mais um daqueles movimentos de fluxo e refluxo de produções ''artísticas'' ao longo dos anos. Nojeira, esquisitices e violência não são exatamente ''originalidade'' mas se o propósito é chocar, então os criadores dessas ''obras'' realmente são bem-sucedidos.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


O gore e o splatter são gêneros nascidos no cinema mas que logo passaram a ter representantes nos quadrinhos. Resumindo, o estilo sanguinolento do italiano Lucio Fulcci, Dario Argento e Mario Bava, também está presente em coisas do avô dos zumbis, George Romero, entre outras coisas mais recentes, como o Fome Animal, de Peter Jackson antes da fama, e A Morte do Demônio, de Sam Raimi pré-Homem-Aranha. E assim também esteve em histórias em quadrinhos da européia Heavy Metal, de mangás doentes -como o de Hino- e até em onda recente do mercado norte-americano, como 30 Dias de Noite ou Os Mortos-Vivos.

Leia mais:

Imagem de destaque

Uma homenagem ao grande personagem de Eisner

Imagem de destaque

Rafael Sica lança ''Ordinário'' em Curitiba

Imagem de destaque

Super-heróis se adaptam ao século XXI

Imagem de destaque

Melhores de 2010


Antes de falar sobre Panorama do Inferno, é preciso antes lembrar que a cultura oriental, em especial a japonesa, tem um pézinho na loucura. O pessoal de olhinhos puxados adora explorar esse tema, seja com fantasmas, com samurais ou com gore. Então, antes de descartar imediatamente, tente enxergar essas produções inicialmente banais como uma forma de expressão diferente da nossa, dos ocidentais.

Publicidade


Em Panorama, Hino conta a história de uma família pra lá de incomum, através de capítulos de dor, sofrimento, masoquismo, solidão, doença, violência e gore, muito gore. Tudo com aquele traço que gera a falsa impressão de inocência, com o estilo cínico entre o humor negro e o horror, coisas que um bom mangá pode proporcionar.


Interessante é notar que o próprio Hino já dirigiu uma produção splatter-gore no cinema japonês de terror. O autor, em época de vacas magras, comandou um dos capítulos da série Guinea Pig, que, de 1985 a 1991, trouxe vários episódios em que uma pessoa é sequestrada e mutilada, passo-a-passo, bem ''didático'', explícito e aterrorizante. Diz a lenda que o ator Charlie Sheen, ''emocionado'' com o teor da película, acionou o FBI para investigar a trupe japonesa, acusada de fazer snuff movies, aqueles filmes reais com gente sendo torturada ou morta sob a lente da câmeras.

Publicidade


O pessoal do Guinea Pig acabou sendo ''absolvido'' mas o resultado já estava no mundo e passou a agrupar a cada dia mais fãs do cinema e quadrinho splatter-gore. E em Panorama do Inferno você pode conhecer um pouco mais dessa vertente.


O FOTÓGRAFO

Publicidade


O new-new-journalism, evolução do paradoxal e fascinante estilo engajado/despretensioso de Hunter Thompson, é hoje um dos mais perfeitos exemplos de simbiose entre as linguagens. Se já era fácil usar quadrinho como ferramenta para o cinema e vice-versa, em O Fotógrafo, fica evidente a eficiência da parceria da arte sequencial com a literatura, o jornalismo e a fotografia.


Seguindo a linha de Art Spiegelman, em Maus, e de Joe Sacco em suas composições sobre a guerra, o fotógrafo Didier Lefèvre foi convencido a transformar sua jornada quase suicida ao Afeganistão, em guerra com a União Soviética nos anos 80, em quadrinhos. Para isso, uniu os trabalhos de Emmanuel Guibert, que adaptou as imagens em texto e narrativa sequencial, e de Frédéric Lemercier, responsável pela diagramação e cores.

Publicidade


O álbum é muito belo, conta com sensibilidade os esforços dos Médicos Sem Fronteira, uma organização internacional não-governamental que oferece assistência de urgência em conflitos armados, catástrofes, epidemias e outras situações de calamidade. Também narra de forma bem fácil as agruras e problemas enfrentados por um fotógrafo e pelos civis durante uma guerra desse tipo.


As páginas mostram até mesmo um processo de edição do autor, que ''risca'' algumas fotos, como se aquele momento ''feio'' não pudesse estar entre as escolhidas. Quando a imagem não é suficiente, entra o texto e a narrativa, para dar sequência à história do fotógrafo.

Publicidade


A produção cumpre a missão de contar um pouquinho mais sobre a guerra e a cultura afegã mas deve agradar mais aquele leitor que até pouco tempo atrás não considerava quadrinhos como arte. Explica-se: redundante, O Fotógrafo é mais um álbum de imagens com historinha do que quadrinhos em si. Mas o formato e a idéia de new-new-journalism, endeusado por muitos que procuram novos componentes para valorizar a arte sequencial, acaba por configurar a obra como algo mais ''cabeça''.


O material citado acima pode ser encontrado em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.


Serviço - Panorama do Inferno tem formato 13,4 x 20,2 cm, com 208 páginas em preto-e-branco e capa colorida a R$ 13. O Fotógrafo tem formato 23 x 30 cm, com capa dura e miolo colorido, com 88 páginas, e custa R$ 46.

Música+Quadrinhos: Brujeria+Panorama do Inferno


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade