Família

Já tirou um momento para agradecer? Três profissionais falam o porque são gratos

06 jan 2021 às 09:17

O ano de 2020 não foi fácil, todos nós sofremos muitas perdas, foi uma trajetória regada por dificuldades. Mas com certeza, ainda assim, alguma coisa temos para agradecer. Concorda que o fato de neste momento você estar lendo este texto, prova que sobreviveu à todas essas incertezas?


Nesta quarta-feira (6), é comemorado aqui no Brasil o Dia da gratidão, data que coincide com o Dia de Reis, que marca para os católicos a chegada dos reis magos ao local de nascimento de Jesus Cristo. Internacionalmente, o dia da gratidão é comemorado no dia 21 de setembro. Apesar das datas serem diferentes, o objetivo é o mesmo: agradecer!


Ser grato, é reconhecer as coisas boas que aconteceram com você, ou até mesmo os bens materiais que possuiu. Esse é um sentimento que inspira empatia e amor. A gratidão deve ocorrer não somente quando algo que queríamos muito aconteceu, mas também quando reconhecemos como é bom o que já temos. Pensando nisso, a reportagem convidou três profissionais de diferentes áreas para partilharem o porque são gratos, depois de um ano tão marcado por tristezas.


Dácio Villar: presidente do CMDI (Conselho Municipal dos Direitos do Idoso de Londrina)


"Eu acho que nós vivemos num mundo de trocas, de complementaridade. Ninguém se basta, sempre precisamos buscar no outro uma ação que nos complete. Mas há momentos em que percebemos que alguém ultrapassa seus limites e até seus próprios cuidados pra nos ajudar a chegar onde não conseguiríamos sozinho. Nesta pandemia, minhas filhas perceberam o risco que eu corria depois de uma contaminação por Covid ajudando outra pessoa. Uma, mais distante, com seus contatos, outra aqui em Londrina, me arrastaram para uma corrida de médicos, exames e isolamento que, com certeza, salvaram minha vida. Sou imensamente grato!", pontua.


Franciele Rodrigues: professora de ciências sociais e pesquisadora


"Bem, frente a esse ano que passou, que foi tão atípico, tão dolorido, marcado por tantas perdas, eu confesso que o sentimento de gratidão, é um sentimento meio estranho. É estranho a gente se sentir grato. Ainda assim, eu acho que uma das principais coisas que me fazem sentir grata são realmente as pessoas. Os encontros que eu tenho ao longo da vida, e que foram fundamentais, sempre foram super importantes. Nesse ano que passou, eu acho que reafirmou a importância desses encontros, porque embora a gente esteja impedido de ficar encontrando as pessoas, só com extremo cuidado e tudo mais, os encontros mesmo que de formas virtuais, e saber que você está compartilhando naquele momento, aquelas angustias e expectativas, sentimentos bons e ruins com as pessoas, foram umas das principais motivações e razões que me fizeram atravessar o ano de 2020, apesar de todo sofrimento".


Mario Y. Utiamada: pediatra, paliativista, preceptor de medicina pela PUC-PR, e PcD (pessoa com deficiência - cadeirante)


"A cada dia vivido, se levantar pra um novo dia parece um desafio cada vez mais difícil. Encarar a pandemia, o colapso do sistema de saúde, a desvalorização profissional, a rotina estafante de plantões e mais plantões, o isolamento e afastamento dos nossos entes queridos. Parece que só um milagre pra dar conta desses desafios. Mas, existe milagre maior do que a própria vida? E além de estar vivo, ter a oportunidade de cuidar de outras vidas! Presenciar nascimentos, pessoas vencendo doenças... Até mesmo o choro, mas também os sorrisos, em especial a pureza do sorriso das crianças. Por isso sou grato. Pela possibilidade de poder levantar todos os dias e poder cuidar de gente, de fazer a diferença na vida de pessoas, cuidar de gente é o nosso trabalho. Num mundo que está tão difícil pra viver, precisamos cuidar de nós, e cuidar de quem cuida, porque de gente que só reclama já estamos saturados. Vamos nos cuidar, nos ajudar e agradecer, pois esse dom não é exclusividade de profissionais da saúde. Se cada um fizer a sua parte, teremos cada vez mais motivos pra agradecer!", afirma.


A educação sofreu bastante em 2020, muitos professores de instituições privadas foram demitidos, alunos e lecionadores tiveram que se adaptar ao ensino remoto - até aqueles que não possuem condições financeiras para tal. A população idosa, como principal foco de um vilão invisível, foi desvalorizada ao ser colocada como um problema durante a atual pandemia. Na saúde, estamos vivendo uma enorme crise sanitária, em que os hospitais estão lotados,e todos os dias milhares de vidas são perdidas. Se até esses profissionais estão agradecendo, por que não tira um momento para dizer obrigado? Que neste ano de 2021, sejamos mais agradecidos por tudo que já temos!

*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.


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