As adaptações necessárias em virtude da pandemia da Covid-19 nos colocam cada vez mais diante das telas dos computadores e celulares, nos afastando do convívio social com colegas de trabalho, amigos pessoais e com os familiares. A falta de brincadeiras e atividades com os amiguinhos na escola e o acúmulo de funções profissionais e domésticas pelo home office tem sido fator decisivo para causar estresse em crianças e adultos. Tratando-se das relações familiares, pais e mães se reinventam na busca por recursos de entretenimento para seus filhos. Neste Dia da Literatura Brasileira, a professora Paula Margues, da Universidade São Judas, cita quais são os benefícios dessa prática para crianças e lista obras infantis nacionais que contribuem para criação de vínculos familiares e conexões afetivas.
O hábito da leitura com a família deve ser estimulado desde a primeira infância, quando ainda são bebês. Nessa idade, o adulto tem o papel de intérprete, adaptando o tom de voz, fazendo gestos e expressões de uma forma que as crianças comecem a entender os elementos que estão ao seu redor. A professora de Pedagogia da São Judas, Paula Margues, completa que o momento precisa ser interativo. "O texto precisa se apresentar de várias formas para a criança. No momento em que o adulto lê para ela, as palavras escritas se apresentam na forma oral através da narração, mas o texto também pode se apresentar através de um livro brinquedo, por exemplo, onde o bebê possa tatear, interagir e ver imagens.”
As crianças em idade escolar, que estão na fase de letramento e alfabetização, são muito beneficiadas a partir dessa relação mais aproximada com os livros. A leitura é um importante elo para o desenvolvimento cognitivo, emocional e de vocabulário, além de proporcionar aos pequenos uma boa base de conhecimento para desenvolver a escrita a partir das palavras que já conhecem.
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De acordo com a professora Paula, o hábito de ler tem um papel fundamental na vida da criança. "É muito importante que a família estimule a cultura da leitura em seus filhos. A literatura vai sempre nos colocar em contato com um universo diferente que potencializa a compreensão sobre pessoas, lugares, culturas e linguagens diferentes, dando uma leitura mais completa do mundo, contribuindo para o desenvolvimento humano e formação de identidade”, diz ela.
Para estimular a aproximação e conexão familiar a professora faz as seguintes indicações:
"Chapeuzinho Amarelo”, de Chico Buarque
Um clássico é um clássico. Símbolo da cultura brasileira, Chico Buarque deixa sua contribuição artística para as crianças através de um livro publicado em 1970, com ilustrações de Ziraldo, que desde então permeia o cotidiano das escolas e bibliotecas infantis. O livro é uma ótima oportunidade para a família dialogar sobre os medos e fantasias das crianças. A personagem lobo e o bolo viram uma brincadeira estética, gráfica e gramatical nas mãos de Chico e Ziraldo e podem auxiliar as crianças que estão em processo de alfabetização.
"Ou isto, ou aquilo”, de Cecília Meireles
Obra da renomada escritora Cecília Meireles, o livro foi publicado pela primeira vez em 1964 e é considerado um clássico da literatura infantil. De maneira lúdica nos deparamos com as escolhas e indecisões do dia a dia das crianças. Após a leitura, a família pode conversar com a criança sobre dúvidas ou processo de escolha e suas consequências positivas e negativas. O poema também contribui no processo de alfabetização. Pode-se enfatizar as palavras de destaque da narrativa e que rimam: sol/ chuva, anel/ luva, chão/ares/lugares.
"O mundo no black power de Tayó”, de Kiusam de Oliveira
Com extrema relevância e contribuição para a literatura infantil brasileira, o livro aborda uma temática atual das culturas infantis, a valorização da cultura afro-brasileira. A obra valoriza a estética da menina negra e principalmente do seu cabelo, que é enfeitado de diferentes formas, mas sempre com muito encantamento e diversão, com elementos da vida cotidiana das crianças. A escritora Kiusam de Oliveira é uma grande referência contemporânea para as infâncias brasileiras.
"Nós”, de Eva Furnari
Além de escrever, a reconhecida autora de literatura infantojuvenil Eva Furnari também ilustra com maestria suas obras. É o acontece em "Nós”, livro infantil que aborda a história de uma menina se depara com "nós” por todo o corpo, após ouvir comentários maldosos e segurar o choro. O livro retrata tristeza, alegrias, relacionamento interpessoal, amizade, autoestima, bullying na infância. O que fazemos com aquilo que falam sobre nós? A leitura familiar desse livro pode ser um momento importante para conhecer melhor a criança, saber como ela está se relacionando com as outras crianças, como ela se vê, como ela se sente.
"Foi vovó que disse”, de Daniel Munduruku
Obra do renomado escritor de literatura infantil indígena Daniel Munduruku, o livro apresenta as tradições da cultura Munduruku através da relação entre o menino e sua avó. O menino narra de forma leve e lúdica suas aprendizagens sobre as magias da floresta, sobre os encantados, como Yara e Curupyra, e a relação com os animais. Outro ponto crucial do livro é a narrativa da chegada dos europeus ao Brasil na perspectiva do povo Munduruku, através de uma linguagem lúdica e de valorização da identidade dos povos indígenas.
Além dessas obras, vale a pena apresentar o livro "Amoras” de Emicida para conversar sobre diversidade com as crianças. Entre os clássicos da literatura infantil, também encontraremos as obras de Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Tatiana Belinky, Marina Colasanti.
Sobre a São Judas
A São Judas, que integra o Ecossistema Ânima, é a segunda melhor universidade privada do estado de São Paulo, segundo o Ministério de Educação (MEC), com nota 4 de 5 no Índice Geral de Cursos (IGC). Com aproximadamente 37 mil alunos, 11 unidades localizadas na Capital e Grande São Paulo e mais de 80 cursos, a instituição combina qualidade e acessibilidade, tradição e inovação, com o uso de novas metodologias educacionais, laboratórios multidisciplinares de aprendizagem integrada e programas de desenvolvimento de competências socioemocionais. Além disso, o aluno aprende na prática desde o primeiro dia de aula.