O Brasil é o 13º país em produção de conhecimento, mas em inovação ocupa a 57ª colocação. Na prática, essa disparidade significa que o conhecimento produzido aqui não se reverte nem em produtos e nem em processos. Tão logo assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia, em 2 de janeiro, a titular da pasta, Luciana Santos, anunciou a recomposição integral dos recursos do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a revogação da Medida Provisória 1.136 editada pelo governo anterior e que restringiu os investimentos na área. Com a medida, o governo federal garantiu cerca de R$ 10 bilhões para o financiamento de projetos científicos e tecnológicos.
Agora, o ministério volta os olhos para iniciativas do setor que possam ser replicadas em escala nacional com o intuito de transformar a ciência e a tecnologia em pilares do desenvolvimento do país. Um dos projetos que despertou o interesse da ministra é o Letramento Digital, implantado como piloto em escolas de Londrina e de Pato Branco (Sudoeste). Nesta quinta-feira (1), Santos esteve em Londrina para conhecer, na prática, o funcionamento e os resultados do projeto criado para capacitar multiplicadores na área da Indústria 4.0 e Educação 4.0 e ensinar aos alunos sobre tecnologias e o futuro do trabalho.
A ministra visitou a Escola Municipal Maestro Roberto Pereira Panico, no jardim São Vicente Palotti (zona leste) e, na sequência, esteve também no Tecnocentro de Londrina, localizado no Parque Tecnológico Francisco Sciarra. “Temos (em Londrina) um ecossistema que é uma referência nacional porque consegue criar uma dinâmica e um arranjo institucional que garantem uma interseção mais efetiva do papel do município, dos parques tecnológicos e o setor produtivo, das diversas cadeias produtivas e vocações econômicas”, disse a ministra.
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Sobre o Letramento Digital, Santos comentou que o governo federal tem interesse e condições de levar a iniciativa para outras escolas do país e classificou o projeto como uma “experiência de inclusão magnífica” porque ajuda, desde muito cedo, as crianças a compreenderem a era digital. “Queremos que essa experiência ganhe escala nacional. E isso nós vamos dar conta porque conseguimos recompor integralmente o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Foram R$ 10 bilhões de recursos do fundo.”
Em Londrina, o Letramento Digital atende atualmente 77 alunos da rede municipal de educação, mas o programa começa a ser ampliado a partir do segundo semestre com a expectativa de chegar a 32 escolas e alcançar entre 600 e 700 crianças. Até 2024, a previsão é incluir dois mil alunos da rede. O número de multiplicadores de conhecimento também deverá crescer dos atuais 70 para 120 por meio de processo seletivo.
O programa oferece aos alunos 90 horas de capacitação em pensamento computacional, fundamentos da programação e robótica e prototipagem. Os multiplicadores recebem formação que vai de 173 a 240 horas.
Coordenador geral do Letramento Digital, José Augusto de Lima Prestes destacou que as habilidades adquiridas pelas crianças dentro do programa ultrapassam os limites da tecnologia. “O que as crianças mostram aqui é análise crítica e resolução de problemas e isso você usa em qualquer área do conhecimento. Essa é uma das soft skills (habilidades comportamentais) mais demandadas pelo mercado quando você vai buscar aquilo que é esperado para se trabalhar com os desafios que o século 21 traz”, pontuou. “Então, não necessariamente quem vai participar precisa se transformar em um programador, um desenvolvedor de robótica. Isso não é uma condição.”
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