O sorvete é um aliado das pessoas que enfrentam o câncer. Ele é indicado aos pacientes da doença por minimizar os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia, como úlceras e feridas na boca, alterações no paladar, enjoos e vômito. Pensando nisso, Ana Maria da Silva, doutoranda em Desenvolvimento Rural Sustentável na Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) de Marechal Cândido Rondon, decidiu desenvolver um sorvete à base de tilápia para facilitar a ingestão de proteínas.
A inspiração para o produto foi sua filha, que teve câncer gestacional e não conseguia ingerir os alimentos devido às feridas na boca. O produto desenvolvido pela doutoranda usa a biotecnologia para transformar a carne de tilápia em líquido, podendo, dessa forma, ser inserido no sorvete e tornar o alimento mais proteico.
Segundo Silva, o produto é feito a partir de uma base de sorvete com hidrolisado da CMS (carne mecanicamente separada), que é resultado de um processo de aproveitamento da carne não retirada pela indústria responsável em filetar a tilápia.
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O sorvete está sendo desenvolvido no Laboratório de Tecnologia e Processamento do Pescado e no Laboratório de Química de Alimentos do Gemaq (Grupo de Pesquisas em Manejo na Aquicultura), do curso de Engenharia de Pesca, na Unioeste no campus de Toledo. A pesquisa tem como objetivo avaliar a qualidade nutricional e a segurança alimentar do produto.
Pesquisas
Ao longo de sua vida acadêmica, a doutoranda já desenvolveu diversas pesquisas e produtos à base de pescados. Seu interesse começou durante a graduação, em 2008, quando ficou interessada pelo programa de inserção do pescado na alimentação escolar de Marechal Cândido Rondon, que transforma a tilápia do pequeno produtor em CMS e, a partir disto, elabora produtos saudáveis para as crianças das escolas municipais.
Durante o mestrado, no IEAPM (Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira), da Marinha do Brasil, ela pesquisou a respeito do desenvolvimento de produtos à base de pescados marinhos, em conjunto com a comunidade de pescadores artesanais do município de Arraial do Cabo (RJ).
Outro produto pesquisado por ela é o enlatado de pacu, que foi uma construção conjunta com os produtores de pacus em tanques-rede do lago de Itaipu, para agregar valor ao pescado e ter um produto diferencial no mercado consumidor. Assim como a coxinha e o dorso de rã enlatada, que é uma parceria de dez anos com a comunidade de ranicultores de Goiás, desenvolvendo um produto mais elaborado para a exportação.
Atualmente, ela também está desenvolvendo uma pesquisa com a CMS enlatada, que agrega valor nutricional ao produto e já está disponibilizada pronta para o consumo. A partir da CMS é possível produzir fishburguer, almôndegas, empanados, inserir em bolos, biscoitos e outros produtos.
Utilizando a CMS, a pesquisadora deseja transformar a tilápia em um pó que possa suprir as necessidades nutricionais de forma rápida, como o desenvolvimento de uma sopa proteica que poderá ser levada até mesmo para a estação espacial. Outra ideia é um concentrado proteico para ser utilizado na substituição do leite para pessoas alérgicas.
Reconhecimento
Em novembro, Silva expôs a pesquisa com o sorvete e os produtos à base de tilápia no 3° International Fish Congress & Fish Expo. O evento aconteceu em Foz do Iguaçu e contou com a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina.