O vocalista da banda U2, Bono, foi criticado neste domingo porque teria apoiado uma música que incentiva a morte de fazendeiros brancos na África do Sul.
Bono comparou a música às canções que apoiavam o IRA (Exército Republicano Irlandês), dizendo que elas tiveram sua importância.
Kill de Boer, Kill the Farmer ("mate os bôeres, mate os fazendeiros")é uma música antiga, cantada nos tempos da luta contra o apartheid, que pode ser proibida no país pois autoridades consideraram que ela pode incitar o ódio racial.
Leia mais:
Chico Buarque assina manifesto em defesa do padre Júlio, alvo de CPI
Men of the Year: Dr. JONES elege Péricles como homem atemporal em categoria inédita
Jonas Brothers anunciam único show em São Paulo em abril de 2024
Guinness confirma que Taylor Swift fez a turnê mais lucrativa da história
'Bôer' significa fazendeiro no idioma africâner, usado por descendentes de holandeses na África do Sul, mas a palavra muitas vezes é usada como sinônimo de branco entre a comunidade negra do país.
'Discurso de ódio'
Após a declaração de Bono, muitos sul-africanos disseram que, em protesto, rasgaram seus ingressos para os shows que o U2 vai fazer no país.
"Esse é um discurso de ódio. Eles não conhecem a nossa história", disse um sul-africano, que participou de um programa na rádio local.
Em uma entrevista para o jornal sul-africano Sunday Times, Bono comparou a música a outras ligadas ao IRA.
"Quando eu era criança, eu cantava músicas que ouvia meus tios cantarem. Canções rebeldes sobre o início do IRA"
"Cantávamos essas músicas e pode-se dizer eu eram canções folclóricas", afirmou, acrescentando que esse tipo de música não deve ser cantado no contexto errado.
"É uma questão de onde e quanto essas músicas são cantadas."
Segundo o analista de questões africanas da BBC Martin Plaut, Bono aparentemente não tinha noção da polêmica que envolve essa canção no país.
A Suprema Corte sul-africana está atualmente considerando se a música deve ser proibida, por violar o direito dos brancos.
Há pouco menos de um ano, após o assassinato do líder do movimento segregacionista branco Eugene Terreblanche, muitos acusaram o jovem líder político Julius Malema, do governista CNA (Congresso Nacional Africano) de incitar o crime por costumar cantar Kill de Boer.
Em seguida, a Justiça o proibiu Malema de cantar a canção.
Desde o fim do apartheid em 1994, mais de 3 mil fazendeiros foram mortos no país. Uma comissão determinou em 2003 que apenas 2% desses ataques tinham motivação política ou racial. Críticos afirmam, porém, que a estimativa não condiz com a realidade