Um lote de 10 gravuras em metal põe o público outra vez em contato com a obra do mestre Paulo Menten. Desta vez, ele mostra suas obras no Tomate Seco Café Teatro (Av. Maringá, 1.730), com inauguração no dia 31 de março, quinta-feira, às 19 horas, seguido de show do Acústico Blues Trio. A mostra permanece em cartaz por tempo indeterminado.
A última exposição individual do artista foi no Museu de Arte, há três temporadas, quando ele comemorou 75 anos, 30 anos de ateliê e 20 anos de Londrina. A mostra atual traz trabalhos de várias épocas. ''Os temas são variados. O ponto em comum é a técnica adotada para a gravação das matrizes, com a utilização de água-forte, água-tinta e buril'' explica ele.
Além das peças, o artista reuniu alguns poemas de sua autoria, que estarão expostos em painéis. Entre as gravuras, três foram executadas com alumínio de sucata. ''Trabalhei a matriz a partir de bacias e panelas jogadas no ferro-velho, aproveitando as texturas que o rolar no lixo e os efeitos do tempo e da erosão deixaram no material'' conta.
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Menten define a gravura como ''uma espécie de música de câmera''. Para usufruí-la, diz ele, ''é preciso fazer uma prospecção técnica, além da sensível''. Tal apreciação, segundo o artista, tornou-se cada vez mais difícil com os avanços da modernidade. ''Hoje em dia, tudo parece exigir assimilação rápida. E a assimilação da gravura requer assentamento, vivência do observador com os procedimentos utilizados na obra'' diz.
Menten acredita que a gravura estaria sofrendo um processo de marginalização no País. ''Há uma concepção popular de que trabalho em arte é pintura sobre tela. Assim, segue-se uma prevenção contra a gravura por ela usar o papel como suporte'' observa. Ainda de acordo com ele, haveria um desinteresse das galerias em negociar com gravadores, porque obras do gênero seriam investimentos menos rentáveis que pintura e outras linguagens artísticas.
A consequência é que muitos adeptos estariam migrando para outros meios de expressão por falta de colecionadores e consumidores. Crítico da globalização, Menten argumenta que todas as atividades humanas estão em processo de caos. ''A única coisa organizada é a economia, o monetarismo internacional. O resto é miscigenação'' frisa.
E continua: ''O cinema miscigenou com a linguagem veloz e instantânea do clipe. O teatro incorporou valores do cinema, do circo e de outras esferas de manifestação. E a pintura e a escultura miscigenaram-se com as instalações, que permitem que quaisquer elementos sejam montados''. Outro fenômeno que ele não vê com bons olhos é a atividade das curadorias.
''O curador passou a se intrometer na própria linguagem dos artistas ao interferir na disposição das obras nas exposições. Numa Bienal, por exemplo, vi Goya ao lado de Wesley Duke Lee. Trata-se de uma relação díspare de elementos, apontando para um registro conflitante de épocas e tendências que modifica totalmente a intenção dos artistas. Através desse procedimento, os curadores acabam vinculando os artistas a conceitos que estes nunca pensaram ao criar suas obras'' ressalta.
Menten desembarcou em Londrina em 1982, vindo de São Paulo. Em seu ateliê, seus ensinamentos já foram repassados para incontáveis alunos. Nos nos 80, fez crítica de arte assinando uma coluna semanal na Folha de Londrina. É um dos raros artistas radicados na cidade com renome nacional. Na terra natal, participou dos salões paulistas de arte moderna e de arte contemporânea.
No exterior, integrou exposições em San Francisco (EUA), Biella (Itália), Nanheim (Alemanha), Tel Aviv (Israel) e Paris (França). Desde 1958, coleciona prêmios, com destaque para o 14º Salão Paulista de Arte Moderna, o 11º Salão Paulista de Arte Contemporânea e a 1 Bienal Nacional de Gravura de São José dos Campos (SP). Entre os eventos significativos, participou das 9 e 10 edições da Bienal Internacional de São Paulo.
Suas obras podem ser encontradas no Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Museu de Arte de Londrina, Fairleigh University Printcol em Nova York (EUA), Coleção de Gravuras da Biblioteca Lênin de Moscou (Rússia), Embaixada do Brasil em Israel, além de coleção particulares.
Serviço:
Exposição de gravuras e poemas de Paulo Menten
Local: Tomate Seco Café Teatro
Endereço: Av. Maringá, 1.730
Inauguração: 31 de março (quinta-feira) às 19 horas. A exposição fica em cartaz por tempo indeterminado