A rotina de um homem comum não encaixa na trajetória do diretor Felipe Hirsch. Somente este ano, ele dirigiu quatro espetáculos. A quarta montagem do ano chega aos palcos curitibanos depois de bem-sucedidas temporadas no Rio de Janeiro e São Paulo. Trata-se da ''Morte de um Caixeiro Viajante'', obra-prima de Arthur Miller com o ator Marco Nanini encabeçando elenco igualmente competente. A peça fica em cartaz somente nesta sexta e sábado, no Teatro Guaíra.
Projeto inicial do ator Guilherme Weber, que ao lado de Hirsch montou a Sutil Companhia de Teatro, há dez anos, a montagem foi adotada por Hirsch. Ambos decidiram chamar Nanini para o elenco e uma espécie de reação em cadeia aconteceu em seguida. Nanini convenceu a atriz e bailarina Juliana Carneiro Cunha, que há cerca de 15 anos estava morando na França, a voltar para o Brasil para participar da peça.
Nanini vive o protagonista Willy Loman e Juliana interpreta Linda, mulher dele. Ela deu uma pausa no trabalho com o Théatre du Soleil para viver a personagem e retorna para a França em dezembro.
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Além de Nanini e Juliana, integram o elenco Weber, Gabriel Braga Nunes e Francisco Milani como ator convidado, entre outros. Milani é outra surpresa do elenco, já que se recuperava de uma cirurgia do intestino quando recebeu o convite e saiu do hospital para voltar ao palco. Ele interpreta Charley, vizinho de Loman.
Considerada um clássico da dramaturgia moderna, a peça conta a história de um vendedor, pai de dois filhos (Gabriel Braga Nunes e Guilherme Weber), que reflete sobre sua vida durante as horas que antecedem à sua morte. ''A peça trabalha com signos de memória que é a principal temática das minhas montagens'', contou Hirsch, em entrevista à Folha de Londrina, por telefone.
Ele não estará presente na estréia curitibana (são três horas de peça, com 15 minutos de intervalo). Em compensação volta à cidade que deu origem à Sutil Companhia de Teatro na próxima semana, para uma breve temporada de pausa.
''Preciso fazer coisas comuns, voltar a ter uma rotina'', diz Hirsch. Antes de montar ''A Morte de um Caixeiro Viajante'', o diretor estreou ''Temporada de gripe'', ''Como eu Aprendi a Dirigir um Carro'' e ''Alice ou A Última Mensagem do Cosmonauta para a Mulher que Ele um Dia Amou na Antiga União Soviética''.
Quem conhece as montagens do diretor, sabe que cada espetáculo é recheado de sutilezas e atenção e demandam esforço de produção exacerbado. Mas mesmo depois de tanto trabalho, Hirsch não quer fazer uma pausa muito longa antes de voltar à ativa.
Ele pretende, já para o próximo ano, montar um texto do escritor ítalo-americano John Fante (1909-1983). A montagem, ainda sem título e texto definido, estava prevista inicialmente para estrear em maio de 2004, mas Hirsch já adianta que o espetáculo deve subir aos palcos somente no segundo semestre. ''Quero trabahar bastante nela'', diz.
Outro projeto em vista é uma parceria com a diretora, roteirista e cenógrafa Daniela Thomas para um roteiro de cinema. Daniela assina o cenário de ''A Morte'' e acumula trabalhos anteriores com Hirsch. Fez o cenário para as peças ''Nostalgia''; ''Os Solitários'' (também com Marco Nanini no elenco) e ''Alice''. A parceria inédita para o cinema, no entanto, deve ser consolidada em 2005.
Serviço:
''A Morte de um Caixeiro Viajante''
direção de Felipe Hirsch
Data: 30 de outubro e 1º de novembro, sexta e sábado
Horário: 20h30
Local: Teatro Guaíra - Auditório Salvador de Ferrante (Guairão)
Ingressos a R$ 35 (platéia), R$ 30 (1º balcão) e R$ 20 (2º balcão) para quem doar um quilo de alimento não perecível, para estudantes e maiores de 60 anos. Para quem não fizer a doação e não se enquadrar nas categorias acima, o preço dobra
Telefone: (41) 304-7900