Um giro por quatro cidades trouxe a banda gaúcha Engenheiros do Hawaii ao Paraná esta semana. A miniturnê começou ontem em Foz do Iguaçu, chega sexta-feira a Toledo, passa sábado por Londrina e termina domingo em Maringá.
Em Londrina, Humberto Gessinger e sua turma apresentam-se no Ginásio Moringão. O show começa às 22 horas e tem apoio da Folha de Londrina, que está oferecendo um cupom-bônus aos leitores para desconto no preço dos ingressos.
O show é o ''Acústico MTV'', cujo CD e DVD foram lançados no final de 2004. O repertório reúne as músicas do projeto, além de outras dez canções pinçadas dos discos anteriores da banda.
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A platéia poderá matar saudades do grupo cantando junto sucessos como ''O Papa é Pop'', ''Infinita Highway'', ''Somos Quem Podemos Ser'', ''Toda Forma de Poder'', ''Sopa de letrinhas'', ''Nau à Deriva'', ''Ouça o que eu Digo, Não Ouça Ninguém'' e ''Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones''.
Tais canções marcaram as rádios ao longos das décadas de 80 e 90. Engenheiros foi a primeira banda gaúcha a estourar nacionalmente. Surgiu executando um pop-rock com influências do Police e dos Paralamas. Posteriormente, flertou com regionalismos, guitarras pesadas e rock progressivo. Humberto Gessinger é o único remanescente da formação clássica da banda, que contava ainda com Augusto Licks no baixo e Carlos Maltz na bateria.
O primeiro deixou a banda em 1993 e o segundo dois anos depois. Antigos fãs ainda sonham com o reagrupamento. Maltz tem ensaiado uma volta: ele fez participações especiais em faixas do ''Acústico'' e dos dois álbuns anteriores ''Surfando Karmas & DNA'' (2002) e ''Dançando em Campo Minado'' (2003). Nos últimos dez anos, porém, diversas formações acompanharam Gessinger.
Nos shows dessa semana, ele canta e toca violão, bandolim, piano e harmônica. Estará no palco ao lado dos músicos Fernando Aranha (violões), Bernardo Fonseca (baixo), Glaucio Ayala (bateria e vocais) e Pedro Augusto (teclados). A seguir, leia trechos da entrevista que Humberto Gessinger concedeu à Folha2.
O ''Acústico'' comemorou 20 anos de trajetória da banda. A turnê do projeto está há 1 ano e meio na estrada. Quem é a platéia hoje dos Engenheiros do Hawaii?
A molecada. A renovação do público é uma coisa que pude perceber ao longo dessa turnê. Pra gente, que está acostumado a ver a história de uma forma linear, é engraçado observar garotos entrando na loja para comprar nosso primeiro álbum (''Longe Demais das Capitais'') como se fosse um disco novo. E, pra eles, é mesmo algo novo porque eles estão descobrindo a banda. O curioso é que cada um elege um disco ou uma fase da banda como a favorita. Não tem um gosto único, uma preferência única.
Todos proclamam o esgotamento do formato acústico. O que o projeto trouxe de experiência nova para os Engenheiros do Hawaii?
Acho esquisito o sucesso que o formato acústico adquiriu no Brasil, que é uma coisa que não acontece em outros lugares do mundo. Lá fora, os artistas fazem shows acústicos sem a preocupação de gravar. Aqui, não sei por qual motivo, ele caiu no gosto popular. Outra curiosidade é que eu converso com as pessoas e todos falam que é legal gravar o 'Acústico'', que ele representa um um ponto de chegada na carreira do artista. Eu penso diferente. Pra mim, a experiência de gravar o CD e o DVD serviu como um ponto de partida. A partir do projeto passei a tocar viola caipira, que é um instrumento tocado em São Paulo e Minas Gerais e sem muita tradição no Rio Grande do Sul. De qualquer maneira, foi legal reler a história da banda num ambiente sonoro mais delicado. Caiu bem para a forma das músicas que eu componho. E o show é o melhor que já coloquei na estrada em 20 anos de banda.
A gravação do disco e do DVD ''Acústico'' teve a participação da sua filha, Clara, de 12 anos. Ela acompanha você nas turnês?
Ela participou de alguns shows em Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte. Mas foram shows casuais.
A banda passou por seis ou sete formações diferentes ao longo dos anos. Como essas mudanças refletiram nos trabalhos da banda?
Quanto mais tocamos com uma pessoa, é melhor. Quanto mais vivemos casados com uma pessoa, é melhor. Mas tem a vida real, a quebra de sintonia, e aí fica difícil manter a relação. O que consegui manter na banda é a maneira como escrevo as canções, é o fio que costura os vários capítulos. Por isso, vejo a história do Engenheiros mais como uma continuidade do que através de rupturas. Na verdade, desde o ínicio, a banda faz uma única e grande canção. Nisso, acho que sigo os artistas que gosto como João Gilberto, Paulinho da Viola, João Bosco, Bob Dylan ou Joni Mitchel. Eles não têm uma cronologia escravizando a obra, não seguem ondas, tendências. Não têm a preocupação de traduzir o que 'está rolando'. Preferem trilhar um caminho pessoal.
Assim, como você vê o atual revival dos anos 80 no pop mundial?
Vejo como um discurso neurórico, uma tendência a fragmentar tudo. É útil apenas para quem escreve sobre música ou para donos de lojas de discos. A arte é a negação disso, é o rompimento com esses relógios, essas fronteiras. Os artistas devem ter uma visão mais generosa, dedicando um tempo maior para as coisas.
Você tem acompanhado a cena musical gaúcha? Há novas bandas legais por aí?
O que mudou agora é a difusão. As bandas contam com gravadoras locais e apoio da mídia regional. Em Porto Alegre, percebo uma cena anos 60, representada por bandas como a Cachorro Grande. Mas isso já existia nos anos 80 com a T.N.T. Mudaram as bandas, mas as cenas se repetem.
A banda não lança um álbum de inéditas desde 2003. Há planos de gravar um novo disco este ano?
Temos algumas canções gravadas numa demo. A idéia é começar a ensaiá-las em setembro e lançar o álbum em 2007. Pretendo tocar viola caipira em algumas músicas.
E, neste de eleições, como está o seu sentimento de cidadania após o furacão dos escândalos políticos?
Estou com o otimismo abalado. Sinto cansaço, decepção, como se o Brasil tivesse perdido um penâlti na final. Mesmo assim, continuo com a tendência iluminista de acreditar no voto para mudar as coisas, ainda que o valor do voto seja menor agora.
Serviço:
Engenheiros do Hawaii
Data: 27 de maio, sábado
Horário: 22 horas
Local: Ginásio do Moringão, em Londrina
Ingressos: R$ 40,00 e R$ 20,00 (com cupom/bônus da Folha de Londrina). Pontos de venda: Patio San Miguel, Mercado Guanabara, Tim Celular (Catuaí Shopping Center), Café Paris, Posto JK e lojas Aracalce (de Cambé, Rolândia e Arapongas).
telefone para informações: (43) 3357-1029