Os mexericos, as brigas, sexo, drogas e rock’n’roll. Tudo está na biografia ‘Old Gods Almost Dead - The 40-Year Old Odyssey of the Rolling Stones’ (Velhos Deuses Quase Mortos - A Odisséia de 40 Anos dos Rolling Stones), de Stephen Davis, encontrado nas livrarias brasileiras que comercializam importados.
Com faro jornalístico, o autor compila e procura elucidar os aspectos mais curiosos da carreira do grupo, desde a apresentação no Marquee Club de Londres em 1962 até as megaturnês dos anos 90, desde os puristas do blues aos fantasmas de si mesmos de hoje.
Quem se aventurar por suas 624 páginas vai encontrar pistas para explicar a gênese da prepotência de Mick Jagger, a obscura morte de Brian Jones, o mergulho de Keith Richards num poço de heroína e, até mesmo, como os orgasmos regados a LSD de Marianne Faithfull inspiraram a canção "She’s a Rainbow".
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Para os interessados apenas nos aspectos musicais, o livro traz um bem-sucedido resgate dos cenários que ajudaram os Stones a forjar seu estilo. Para tanto, usa como nascente da história o delta do rio Mississippi, onde os negros norte-americanos criaram o blues, epicentro do som stoniano.
Depois, mostra como a banda influenciou e se deixou influenciar por seus contemporâneos, de guitarra em punho ou não. Permeiam a obra interseções da banda com a arte pop de Andy Warhol, o orientalismo, o reggae jamaicano, a disco music, o punk, a videoarte, a revolução digital.
Mas, ao mesmo tempo em que procura expor e responder à maioria das perguntas sobre a banda, o livro deixa uma série de dúvidas ou pontos superficialmente abordados.
A mais crucial das dúvidas é decorrente da neutralidade com que Davis encarou a empreitada. Vai-se de uma ponta a outra da obra sem ter a mínima idéia, por exemplo, dos alicerces que sustentam a longevidade do grupo, apesar do cipoal de discos medíocres gravados desde os anos 80.
Ainda pelo lado do mal, a neutralidade do autor responde por um texto que se lê com facilidade, mas que descamba para o relatorial. Quando tenta se libertar desse espectro, recai em literatices.
Entre as questões abordadas de maneira apressada, estão, como de hábito nas biografias sobre os Stones, as participações do baixista Bill Wyman e do baterista Charlie Watts.
Assim, ‘Old Gods Almost Dead’ sobrevive apenas como uma exaustiva cronologia ilustrada da carreira dos Stones (com 48 fotos em preto-e-branco). Tem potencial para transformar o neófito em iniciado e traz uma ou outra coisa que os fãs não sabiam.
Tem também o mérito de ser mais atualizado do que ‘The True History of the Rolling Stones’, de Stanley Booth, lançado em 1985 e tido como uma das mais definitivas compilações da história da banda. Pena que o período dos últimos 15 anos dos Stones sejam os menos interessantes.
Baseado no currículo do autor, era de esperar algo endoscópico e definitivo como seu ‘The Hammer of the Gods: the Led Zeppelin Saga’ (O Martelo dos Deuses: a Saga do Led Zeppelin), de 1985.
Mas, devido ao seu objeto, à encadernação luxuosa e à impressão de qualidade inquestionável, o livro está fadado a sumir das prateleiras. Também está chegando às livrarias a versão atualizada de ‘The Stones’, de Philip Norman (publicado como ‘Simpathy for the Devil’ em 1984).
Old Gods Almost Dead - The 40-Year Odyssey of the Rolling Stones. Autor: Stephen Davis Editora: Random House. R$ 91,03 (624 págs.) Onde encontrar: www.livraria.cultura.com.br