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Made in Brazil deve lançar dois discos ao vivo

Murilo Gatti - De Curitiba
03 out 2001 às 17:28

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Com trinta e quatro anos de banda e muito fôlego para fazer música, o Made in Brazil deve lançar dois discos ao vivo até o final de outubro. O CD acústico "Fogo na Madeira" ganha um volume 2, uma continuação do disco lançado em 2000. O outro trabalho é o CD "Pirata 3", um show gravado em Ponta Grossa em 1998. Os dois discos serão vendidos juntos e o lançamento será em São Paulo.

A informação é de Oswaldo Vecchione, que de passagem por Londrina concedeu uma entrevista exclusiva para o Bonde. Oswaldo disse que a banda está numa das melhores fases da carreira e adiantou as novidades para comemorar os 35 anos de Made in Brasil no próximo ano.

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A festa será em grande estilo. O Made in Brazil deve produzir um CD só com músicas inéditas e lançar o disco "Massacre" - proibido pela censura em 1978. São 16 músicas, 13 delas foram censuradas na época pela ditadura. "A gravadora ficou com medo e não lançou. Agora eu consegui recuperar os 'tapes' originais e vamos lançar do jeito que foi proibido", adianta Vecchione.

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O Made In Brazil sempre manteve acesa a chama do rock e do blues no Brasil, uma banda por onde já passaram mais de 80 músicos e que teve mais de 130 formações oficiais. Atualmente, o grupo é formado por Oswaldo Vecchione (baixo), Celso Vecchione (guitarra), Deborah Carvalho (back vocal) e Rick Vecchione (bateria).

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Bonde: O que são 34 anos de banda?
Oswaldo Vecchione: Fazer rock aqui no país do samba, atualmente do axé, do sertanejo e do funk não é fácil. Tem que gostar e correr atrás, se você ficar sentado não acontece nada.


Bonde: A Made in Brasil já teve a participação de mais de 80 músicos e 130 formações diferentes, só você e o seu irmão Celso Vecchione é que estão desde o começo. Como vocês conseguiram preservar a banda?

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OV: Uma banda é como uma família, tem os momentos agradáveis e tem também os momentos desagradáveis. Desentendimentos rolam em qualquer lugar e em qualquer área. O importante é o rock’n roll e o blues, sempre acreditamos nisso, mas não como movimento porque não adianta criticar o sistema e depois querer que ele te projete.


Bonde: Como você avalia a participação do Made in Brazil e do rock na grande mídia?

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OV: Não estamos na grande mídia, que é a televisão e o rádio, mas inúmeras bandas tocam músicas do nosso repertório e muitas pedem autorização para gravar as nossas músicas. E não só bandas de São Paulo ou do Paraná, mas do País inteiro. Estamos em uma outra mídia, do pessoal interessado em rock, gente que conhece nosso repertório, e é isso que movimenta o Made. É muito difícil você ver uma banda que toca rock’n roll de verdade aparecer na Globo. Só se for um lance de Rock'n'Rio ou uma outra armação deles. Isso não vai existir nunca.


Bonde: No ano passado você lançaram o CD acústico "Fogo na Madeira". Em uma entrevista, você falou que queria produzir um trabalho acústico que mantivesse uma linha de rock e blues. Como foi este trabalho?

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OV: Aprendemos a tocar rock deste jeito e não ia ter sentido gravar um acústico que perdesse as características e a identidade da banda. Não iria ter valor nenhum se não passássemos a nossa verdade. O resultado foi bom, o disco já está na terceira tiragem.


Bonde: Vocês já estão preparando um volume dois?

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OV: Sim. Este novo trabalho vai trazer um show ao vivo que foi gravado em São Paulo no mês de junho. Estamos fazendo uma sequência do primeiro volume, se tudo der certo ele será lançado no final de Outubro.


Bonde: Quais são as influências do Made in Brazil?

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OV: Comecei escutando rock dos anos 50, mas quando começamos a tocar, já tinha mudado este panorama. Já não eram os artistas americanos que predominavam, os ingleses tinham tomado conta do mundo, inclusive do Brasil. Rolling Stones, Beatles e outros grandes da época como The Animals e Yardbirds. Os Beatles eram o máximo da divulgação na mídia, mas todas as outras bandas tinham o seu público e seus momentos de glória, mesmo no Brasil onde o rock nunca teve grande espaço.


Bonde: Você já tocava rock quando seu filho nasceu e hoje ele toca bateria no Made in Brazil. Como é isso?


OV: Ele toca comigo porque tem talento suficiente para estar na bateria do Made. Não é porque é meu filho. Ele é um grande músico e está tendo a chance de tocar numa grande banda, que quer fazer parte da história. De uma maneira ou de outra, seremos lembrados, embora a idéia seja não pensar no que vai acontecer quando a banda acabar. Enquanto tivermos garra, tesão e vontade de subir no palco e fazer o público participar, vamos continuar a fazer rock.


Bonde: Muita gente fala que o sul do País, em termos de público, pode ser considerado o seleiro do rock no Brasil. Qual a sua opinião a respeito disto?


OV: Se você incluir o estado de São Paulo neste seleiro, isto é uma grande verdade. Há cinco ou seis anos atrás tocávamos muito no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Agora estão aparecendo mais shows no Paraná, no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Acredito que parte disto se deve a onda do funk que entrou muito mais forte em Minas e no Rio.

Bonde: Como você avalia este momento da carreira do Made?
OV: Estamos num momento especial, a banda está atravessando uma fase legal da carreira. O grupo está com a mesma formação há cinco anos. Isto na história do Made aconteceu pouquíssimas vezes. E lógico, quando você consegue manter a mesma formação por mais tempo você acaba criando mais, produzindo mais discos e é o que está acontecendo.


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